Exportação de frutas do Brasil cresce 18,3% nos primeiros meses de 2018

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 7 de abril de 2018 às 23:32
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:40
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

O maior destaque entre as frutas exportadas no período é a laranja (fresca ou seca), que aumentou 96.380%

Nos dois primeiros
meses do ano, produtores brasileiros exportaram 124,3 mil toneladas de frutas
frescas e processadas para diversos países, um aumento de 14,4% no volume
exportado em relação ao mesmo período de 2017. Quando se observa o valor
arrecadado com as vendas, de US$ 98,1 milhões, o crescimento foi ainda maior,
cerca de 18,3% em apenas um ano.
Os dados são da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e
Derivados (Abrafrutas), entidade que representa um total de 53 associados,
entre cooperativas, empresas e grupos regionais de produtores.

O maior destaque entre as frutas exportadas no período é a
laranja (fresca ou seca), cujo volume vendido ao exterior aumentou 96.380%,
passando de 4 mil toneladas no ano passado para mais de 3,8 milhões de
toneladas embarcadas nos últimos dois meses. Morango (394%) e banana (267%)
também registraram forte crescimento nas vendas, em termos de volume. 

Apesar dos bons números do setor na exportação, apenas 2,5% de
todo o volume de frutas produzidos no país é vendido para outros países. Mesmo
sendo o terceiro maior produtor de frutas do mundo, com volume anual de 44
milhões de toneladas – atrás apenas de China e Índia – o Brasil é apenas o 23º
colocado na lista dos principais exportadores. “Diferentemente de produtos como
carnes, café e açúcar, com os quais estamos ao mesmo tempo na lista dos maiores
produtores e dos principais exportadores, no setor de frutas, ainda temos esse
desafio de crescer muito nas exportações”, explica Jorge Souza, diretor técnico
da Abrafrutas.

A União Europeia responde por 70% das cargas brasileiras de
frutas, seguida pelos Estados Unidos (15%), e outras fatias distribuídas entre
países da América do Sul e o Oriente Médio. Segundo Jorge Souza, há um
potencial enorme de expansão para a Ásia, que concentra o maior contingente
populacional do planeta, ainda pouco explorado pelos produtores de frutas do
Brasil. “Não podemos vender ainda para a China, porque não temos acordo
fitossanitário para nenhum tipo de fruta fresca para aquele país, mas já há tratativas
em curso sobre isso”, revelou.

Além das barreiras fitossanitárias, o protecionismo do setor
está entre os desafios para ampliar as vendas externas dos produtores
nacionais. “Do ponto de vista do ambiente de negócios, esses movimentos
nacionalistas que temos visto em termos comerciais pode dificultar a abertura
de novos mercados. No âmbito interno, é mais um trabalho de desenvolvimento da
cultura exportadora do produtor”, disse o diretor técnico da Abrafrutas. De
acordo com Souza, a maioria dos produtores brasileiros é formada de pequenos
proprietários, o que demanda um processo abrangente de capacitação.

Outro gargalo está na infraestrutura para escoamento da
produção. “No caso das frutas, que são altamente perecíveis, os portos e
aeroportos precisam estar mais bem preparados, com cadeia de frios, para
garantir a integridade dos produtos”, afirma Jorge de Souza. O Brasil tem muita
competitividade, disse Souza, com a exclusividade de produtos como açaí,
castanha e frutos do cerrado. “Nosso país é reconhecido internacionalmente por
produzir uma fruta muito doce e saborosa. Precisamos explorar essa
potencialidade.” 

Em dezembro do ano passado, a Abrafrutas e a Agência de Promoção
de Exportações (Apex-Brasil) assinaram convênio para a promoção de ações com o
objetivo de aumentar as exportações de frutas. O acordo foi firmado há dois
anos, e a meta é que as exportações de frutas brasileiras alcancem a marca
recorde de US$ 1 bilhão até o fim de 2019. Com a ajuda da Apex, os produtores
vão participar de feiras e missões e visitar outros países.


+ Economia