Etecs colocam mais de 3,6 mil alunos em universidades públicas

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 27 de março de 2018 às 23:34
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:38
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Apenas nas Fatecs, Unesp, Unicamp e USP o número de aprovados nos vestibulares superou 2,1 mil

Os alunos dos Ensinos Médio e Técnico Integrado ao Médio das
Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) apresentaram um bom desempenho no
vestibular. De acordo com levantamento realizado junto às unidades, foram cerca
de 3,6 mil vagas conquistadas em instituições públicas de Ensino Superior.

Considerando apenas as Faculdades de Tecnologia do
Estado (Fatecs), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp) e Universidade de São Paulo (USP), o número de aprovados
superou 2,1 mil.

Alta
concorrência

Em um dos cursos mais procurados pelos
vestibulandos, o de Medicina, Rodrigo Teixeira, ex-aluno da Etec Basilides de
Godoy, da capital, foi aprovado na Unesp, Unicamp, Unifesp e USP. Da Etec
Comendador João Rays, de Barra Bonita, na região de Bauru, Branda Oliveira
passou na Unicamp, Unifesp e USP, e Gláucia Franco, na Unesp e USP.

Em duas outras áreas muito concorridas, Engenharia e
Construção Civil, Guilherme Moreira, recém-formado no curso técnico de
Administração integrado ao Ensino Médio da Etec de Itaquaquecetuba, na Região
Metropolitana de São Paulo, foi muito bem. Passou no curso superior tecnológico
de Construção de Edifícios na Fatec Tatuapé, cuja demanda era de quase dez
candidatos por vaga.

Foi aprovado também em Engenharia de Produção na
Universidade Federal de São Carlos (UfsCar) e Engenharia Civil na Unesp e USP.
“Fazia o curso em período integral na Etec. Depois ainda estudava pelo menos
duas horas por dia depois das aulas”, conta Guilherme, que optou por estudar na
USP. 

Superação

A Etec Paulo Guerreiro Franco, de Vera Cruz, na
região de Marília, tem um exemplo que ilustra bem a cultura inclusiva das
unidades do Centro Paula Souza (CPS). Isso se dá por diversos meios de aspectos
pedagógicos, tecnologias assistivas e estrutura física, levando educação de
qualidade aos jovens com os mais variados tipos de limitações.

Augusto da Silva, que concluiu o curso técnico de
Agropecuária integrado ao Ensino Médio no fim do ano passado, sofre de uma
doença rara, a síndrome de Moebius, um distúrbio neurológico que afeta
diretamente os músculos faciais e, em alguns casos, pode comprometer também o
desenvolvimento intelectual.

“Ele chegou à Etec com uma trajetória educacional
marcada pelo preconceito, tanto que os pais disseram que nunca tiveram o acolhimento
que encontraram aqui”, relata a diretora da unidade, Sônia de Sousa. Com o
auxílio de duas professoras de apoio, Augusto superou as dificuldades de
aprendizado, se formou e conseguiu entrar no curso de Engenharia Eletrônica da
Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UFTPR).

“Em relação à aprendizagem, os avanços foram
consideráveis. Mas os ganhos maiores foram na vida pessoal. Conversamos muito
com a família, conseguimos que dessem mais autonomia ao Augusto”, avalia a
diretora. “Ele passou a ser responsável pela própria alimentação, roupas, além
de vir para a escola de ônibus, sem ajuda de ninguém.” Para fazer o curso em
Curitiba, Augusto está morando com parentes.

Nos últimos cinco anos, o CPS treinou
aproximadamente 2 mil professores e funcionários em temas como integração,
práticas pedagógicas, metodologias de ensino, tecnologias assistivas,
legislação e linguagem de sinais.


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