Estudo revela fatores genéticos que elevam o risco de Alzheimer

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 13 de janeiro de 2019 às 19:07
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:18
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Pesquisas mostram que existem pelo menos 29 partes do genoma humano associadas à doença

O Alzheimer é uma
doença neurodegenerativa para a qual ainda não existe cura. Por causa disso,
cientistas do mundo inteiro voltam seus esforços para compreender o problema e
determinar fatores de risco que ajudem na prevenção. As descobertas realizadas
até agora indicam que a genética do indivíduo pode desempenhar um papel
importante no desenvolvimento do Alzheimer: estima-se que 60% a 80% dos casos
sejam de origem hereditária.

Aliás, pesquisas mostram que
existem pelo menos 29 partes do genoma humano associadas à doença – nove delas
descobertas recentemente, de acordo com um estudo publicado
na revista Nature Genetics. Durante a investigação, os
pesquisadores descobriram que alterações genéticas nos tecidos e células que
desempenham papel no sistema imunológico do cérebro podem aumentar o risco de
Alzheimer.

Outra descoberta indica que
aumentar a capacidade do cérebro de se adaptar a novos desafios pode, de fato,
ser uma forma de prevenir a doença. Para isso é preciso promover a reserva
cognitiva mantendo-se em constante aprendizado para garantir uma mente ativa.

Sistema imunológico cerebral

Através da análise genômica de
mais de 455.000 pessoas de origem europeia com Alzheimer ou histórico familiar
da doença, a equipe descobriu que modificações
em genes presentes nas células da micróglia estão associadas ao aumento do risco
para a doença. Por ser uma célula importante para o sistema imunológico
cerebral, essas modificações podem prejudicar as respostas imunes da
micróglia e afetar a saúde vascular do cérebro. 

A equipe também descobriu alterações genéticas em
proteínas que estão envolvidas em componentes dos lipídios (um tipo de gordura
orgânica insolúvel presente nas células). Esses processos podem influenciar
na degradação da proteína precursora amiloide – substância envolvida na
criação da placa amiloide encontrada no cérebro de pacientes com Alzheimer.

Pesquisas anteriores já haviam indicado que
interferências no funcionamento da apolipoproteína E (apo E)
– proteína responsável por ligar os lipídios – podem influenciar na
probabilidade de desenvolver o problema. 

Agora, revelou-se que existem outras
proteínas similares envolvidas no risco da doença. “Esta ligação já foi descrita para
o gene APOE, que é o fator de risco genético mais forte para o Alzheimer. No
entanto, nossos resultados mostram que outras proteínas lipídicas também
podem ser geneticamente afetadas”, explicou Iris Jansen, uma das autoras do
estudo, ao Medical News Today.  

Para os pesquisadores, todas essas alterações
confirmam a existência de uma relação entre a inflamação e os lipídios, uma vez
que alterações lipídicas interferem no funcionamento da micróglia e, consequentemente, na proteção do cérebro, o que
facilitaria o surgimento do Alzheimer. 

Exercite a mente

Assim como o corpo precisa se
exercitar para se manter saudável, a mente também necessita da sua dose diária
de exercícios
para continuar ativa e prevenir doenças. Por isso, especialistas recomendam que as
pessoas, especialmente as mais velhas, não vejam a idade como empecilho para
aprender algo novo, pois isso é benéfico para o cérebro.

Essa recomendação foi confirmada
pelo novo estudo: os pesquisadores garantem que desenvolver e aumentar a reserva
cognitiva ao longo da vida pode ser uma forma de prevenção
contra o Alzheimer, Parkinson e outras condições neurodegenerativas. “Parte dos fatores genéticos de
risco afeta a reserva cognitiva, que subsequentemente diminui o risco de
Azheimer”, disse Danielle Posthuma, outra pesquisadora envolvida no
estudo. 

Por isso, vale a pena investir em
educação para criar uma barreira protetora contra problemas cognitivos: seja
concluir um curso paralisado, aprender um novo idioma ou começar uma faculdade,
o importante é estimular a mente.


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