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Estudo indica que falta do nutriente durante o desenvolvimento fetal pode ser responsável por até 8% dos casos
Pesquisadores
dinamarqueses descobriram uma relação entre a deficiência
de vitamina D durante a gestação e o desenvolvimento de esquizofrenia
na vida adulta.
A equipe fez essa
ligação depois de observar que o risco de esquizofrenia aumentava para
indivíduos que nasciam em estações mais frias (inverno e primavera), épocas em
que há menos luz solar – principal responsável pela produção de vitamina D no
corpo.
O estudo, publicado na
revista Scientific
Reports, indica que a falta do nutriente durante o desenvolvimento
fetal pode ser responsável por até 8% dos casos de
esquizofrenia. “O novo estudo mostra que em uma amostra muito
grande de bebês dinamarqueses, aqueles com deficiência de vitamina D ao nascer
têm uma probabilidade 44% maior de apresentar esquizofrenia quando adultos”,
disse John McGrath, principal autor da pesquisa, em nota.
Embora a maioria dos
pacientes não apresente sinais do transtorno até os 15 anos de idade, neurologistas já haviam considerado a
possibilidade que a doença pudesse começar no útero.
Outras evidências
apontam para fatores genéticos, o que indica a existência de mais de um
elemento capaz de provocar o distúrbio.
De acordo com o
especialista, o feto em desenvolvimento é totalmente dependente dos
estoques de vitamina D da mãe; portanto, é possível que assegurar níveis
adequados do nutriente nas gestantes possa resultar na prevenção de alguns
casos de esquizofrenia.
A vitamina D é
fundamental para o processo de absorção de
cálcio pelos ossos, e uma deficiência pode levar a distúrbios como osteoporose
e raquitismo. No entanto, seus efeitos em outras funções do organismo ainda
precisam ser melhor exploradas.
O
estudo
Os pesquisadores chegaram a este
resultado depois analisar os dados de 2.602 indivíduos nascidos entre 1981 e
2001 que foram diagnosticados com esquizofrenia quando jovens. Os níveis
de vitamina D foram verificadas através de amostras de sangue coletadas quando
esses participantes eram recém-nascidos (essas informações estavam disponíveis
no Registro Nacional Dinamarquês). Para efeitos de comparação, a equipe
também investigou as concentrações do nutriente em amostras adicionais de
pessoas que não tinham o distúrbio.
O resultado mostrou que aqueles
nascidos com deficiência de vitamina D tinham um risco 44% maior de
desenvolver a doença. Além disso, essa deficiência poderia responder por
cerca de 8% de todos os diagnósticos de esquizofrenia na Dinamarca. “A
esquizofrenia é um grupo de desordens cerebrais mal compreendidas
caracterizadas por sintomas como alucinações, comprometimento cognitivo e
delírios. O santo graal para o distúrbio seria evitar que os indivíduos
desenvolvessem a doença”, comentou McGrath.
Para ele, algumas intervenções de saúde pública
simples, baratas e seguras podem prevenir distúrbios cerebrais, como no caso do
uso de folato para diminuir o
risco de desenvolvimento de espinha bífida (defeito congênito no qual a
medula espinhal do bebê não de desenvolve de maneira adequada). Este tipo de
intervenção também poderia ser a solução para a esquizofrenia através da
utilização da vitamina D.
Aliás, dados científicos divulgados anteriormente
podem até mesmo reforçar esta hipótese. Isso porque alguns estudos
identificaram uma ligação genética entre a esquizofrenia e o autismo,
destacando também a relação entre o autismo e a deficiência de vitamina D no
desenvolvimento fetal. Portanto, é possível que, pelo menos em alguns casos, a
teoria dos pesquisadores dinamarqueses possa se sustentar.
Próximos passos
Apesar dos achados importantes, os cientistas
ressaltam que a descoberta provavelmente não explica completamente o surgimento
da esquizofrenia nas pessoas já que em regiões com níveis relativamente altos
de luz solar também existem casos da doença. Além disso, o problema pode
aparecer em indivíduos que apresentam níveis normais de vitamina D ao nascer.
Segundo a equipe, o
próximo passo é realizar ensaios clínicos randomizados avaliando
se a administração ou não de suplementos de vitamina D em mulheres grávidas
poderia efetivamente proteger seus filhos de distúrbios do desenvolvimento
neurológico, como autismo e esquizofrenia.
Esquizofrenia
De acordo com o National
Institute of Mental Health dos Estados Unidos (NIH, na sigla em
inglês), a esquizofrenia – que afeta cerca de 1% da população mundial
– é uma das principais causas de incapacidade em todo o mundo.
Entre os sintomas mais comuns da doença estão alucinações, delírios e
problemas cognitivos. No Brasil, esse transtorno afeta cerca de 2 milhões
de pessoas.
Informações apontam
que a esquizofrenia pode começar com uma simples apatia que surge entre o final
da adolescência e o início da vida adulta (18 a 30 anos). Segundo
especialistas, alguns sintomas devem colocar as pessoas em estado de atenção:
dificuldade no aprendizado desde a infância, apatia, pouca vontade de
trabalhar, estudar ou participar de interações sociais; falta de reação a
situações que demandam emoções (felicidade e tristeza, por exemplo), surgimento
de vozes na cabeça e outras alterações nos órgãos sensoriais; e mania de
perseguição injustificada.