Especialistas avaliam minuciosamente os diversos tipos de açúcar

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 15 de julho de 2018 às 20:35
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:52
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Como já é sabido, consumo excessivo de açúcar pode trazer más consequências para o organismo

Diabetes, obesidade e problemas
hormonais são apenas algumas das consequências do consumo abusivo de açúcar.
Demerara, refinado, mascavo, frutose, mel, melaço, açúcar de coco. Que o
excesso de glicose causa danos ao organismo, já é sabido. Mas qual é a
substância considerada menos nociva pelos especialistas quando o assunto é
adoçar?

São vários os tipos de açúcar. O
cristal, o refinado e o de confeiteiro são os mais populares no mercado, porém
apresentam um alto índice glicêmico e menos nutrientes, devido às etapas de
processo industrial às quais são submetidos. O açúcar orgânico é cultivado sem
fertilizantes químicos desde o plantio até a sua etapa final.

As características
nutricionais são mantidas, apresentando uma maior quantidade de vitaminas e
minerais. E o mesmo vale para o mascavo, que mantém as características
nutricionais. Embora pareçam iguais, há diferenças entre os adoçantes: os
artificiais são indicados para diabéticos; e os naturais, recomendados para
indivíduos em geral. Os naturais são compostos por frutose, glicose, sacarose,
stévia etc. Os artificiais são comumente conhecidos como edulcorantes.

A endocrinologista Lúcia Henriques
diz que há evidências de que açúcar em excesso causa desequilíbrio no
metabolismo da glicose, das gorduras e prejuízo na ação do hormônio insulina,
responsável pela manutenção dos níveis normais de glicose no sangue.

A endocrinologista explica que, além
disso, o excesso de açúcar parece alterar a dinâmica de substâncias químicas no
cérebro, desencadeando mecanismos de prazer e recompensa. Porém, é importante
lembrar que os açúcares ou carboidratos naturalmente encontrados nos vegetais
não devem ser entendidos como vilões, quando ingeridos de forma adequada, uma
vez que servem como fonte de energia principal para o funcionamento das células,
diz a médica, acrescentando que o ideal é evitar adoçar os alimentos. Se
consumidos em excesso, todos os açúcares trazem prejuízos à saúde, não existe
um que cause menos risco. Há quem diga que o mascavo e o demerara seriam os
melhores, porque conservam os minerais e as vitaminas da cana, mas a verdade é
que a quantidade dessas substâncias nesses tipos de açúcares é tão pequena que
seria necessária uma ingestão muito alta para justificar seu poder nutricional.
O ideal é aproveitar o sabor adocicado dos alimentos, em vez de usar essas
alternativas.

A conscientização contra o uso
excessivo de açúcares adicionado a bebidas e produtos industrializados, para a
endocrinologista, é um dos grandes desafios dos profissionais da área médica. “Esse
excesso traz desequilíbrios endocrinológicos, principalmente no que se refere à
secreção do hormônio insulina, liberado sempre que há açúcar no sangue para
facilitar a passagem de glicose nas células. Com a alta ingestão, além de o
nível de açúcar no sangue subir, há uma elevação da taxa de insulina. Isso a
longo prazo provoca aumento do peso, alteração do colesterol e triglicerídeos”,
explica.

Há maneiras de se reduzir o apetite
por açúcar. A nutricionista Camila Monteiro diz que o processo deve ser
gradativo.

Se a pessoa consome açúcar em grande
quantidade e de uma hora para a outra decide zerar, ela vai encontrar grande dificuldade.
Primeiramente, é necessário um controle sobre a ingestão de carboidratos em
geral, porque todos viram açúcar no organismo. “Na minha prática clínica, vejo
que as pessoas têm uma ânsia pelo doce no fim da tarde, por causa de uma
mudança hormonal que sofremos com o cortisol, que ativa essa vontade. Há
estratégias alimentares para adotar nesse período do dia que promovem uma
diminuição do desejo por açúcar e suprem a carência nutricional. E também
existem suplementos que podem ajudar”, afirma a nutricionistta.

Abandonar o hábito de consumir
açúcar, contudo, não significa substituí-lo pelo adoçante, como muitos pensam.
É importante reeducar o paladar.

A língua reconhece os sabores doce,
salgado, azedo e amargo. Quando o sabor doce encosta na língua, uma informação
é enviada para o cérebro solicitando a abertura do intestino para receber
doces. Qualquer tipo de adoçante também desencadeia esse processo, só que, no
caso do adoçante, é ainda pior porque ele não mata a vontade, não sacia e o
receptor se mantém aberto pedindo doce. As pessoas têm o costume de substituir
o açúcar pelo adoçante de forma exagerada, achando que vão resolver o problema
da compulsão pelo doce, mas ela só cresce, explicou Camila.

A nutricionista Patricia Davidson diz
que há inúmeros benefícios à saúde de quem para de consumir açúcar. Entre eles,
a melhora de energia, concentração e humor, e a melhor absorção de cromo,
selênio, magnésio e zinco, nutrientes importantes para a imunidade, a saúde
óssea e a força muscular.

Para se tornar branco, o açúcar
refinado passa por processos químicos onde são acrescentados aditivos que
pertencem a grupos sintéticos muitas vezes cancerígenos e sempre danosos à
saúde. Se consumido regularmente, aumenta a probabilidade de diabetes,
obesidade, alterações intestinais, candidíase e até câncer. É descalcificante,
ou seja, retira o cálcio dos ossos, tornando-os mais frágeis, além de estimular
ainda mais a vontade por doces, pois altera o sabor dos alimentos.

Segundo especialistas, o açúcar
também pode se tornar um vilão para a pele. “A longo prazo, o consumo exagerado
pode causar o envelhecimento precoce. Dependendo da quantidade ingerida, também
é possível gerar uma modificação nos níveis hormonais, estimulando o
crescimento de estruturas epidérmicas e dando origem a lesões, mais comuns nos
diabéticos” acrescenta o dermatologista Diego Rocha, do Instituto Estadual de
Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione.

Para o médico, o ideal é evitar ao
máximo o consumo de açúcar: “carboidratos e açúcares, de uma forma geral,
provocam uma produção maior de radicais livres no organismo, gerando estresse
oxidativo e promovendo alterações na pele”.


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