Erotização precoce é cada vez mais comum, mas pais podem e devem barra-lo

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  • Publicado em 11 de outubro de 2018 às 17:56
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:05
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Fenômeno ocorre porque, segundo psicóloga, as crianças estão sendo expostas demais pelos adultos

A infância é um período fundamental para o desenvolvimento de um indivíduo, porque é a fase em que ele desperta seus sentidos, suas capacidades, sua imaginação e também seus processos cognitivos. Entretanto, o que se percebe hoje é que esse período está sendo acelerado. As crianças acabam pulando partes importantes da vida e dão espaço a uma mentalidade adulta, que começa com o uso de roupas nada infantis, sapatos de salto alto, cosméticos e acessórios, ações que podem parecer normais. No meio disso tudo, têm acesso a programas de TV e músicas com conotação sexual.

Isso ocorre, segundo a psicóloga Vanessa Neves Fadul Carvalho, porque as crianças estão sendo expostas demais pelos adultos. “A responsabilidade, a cultura do consumo exagerado que vem através da mídia, as danças, a escola, isso tudo exige um comportamento adulto das mesmas. E diante dessa exigência, suas fases estão sendo suprimidas”, observa. Ela explica ser normal que a responsabilidade aconteça na fase da adolescência. No entanto, o que ocorre é que hoje os pequenos ao invés de brincarem de boneca, brincam de cuidar de bebê; ao invés de se vestirem adequadamente para sua idade, usam roupas de adultos para se parecerem com seus pais, o que acarreta fator imitação, principalmente quando existe um irmão mais velho. “Trocam músicas infantis por aquelas que os adultos escutam, afastam o seu eu criança, e internalizam o eu adulto. Nota-se até nas danças o quanto isso é afetado, nossas crianças, já dançam com conotação sensual, mesmo sem entender o que estão fazendo”, completa.

A erotização precoce é um fenômeno que vem preocupando os especialistas. Isto pode ser bastante prejudicial. “Não é muito saudável pular fases no desenvolvimento da criança, pois são nessas fases que a criança está construindo e formando sua personalidade, construindo o seu eu interno. São despertados os sentidos, suas capacidades, sua imaginação e, principalmente, seus processos cognitivos”, salienta Vanessa, acrescentando que essa construção vem com o envolvimento e participação da família, de amigos, da escola, tudo que envolva seu meio social. “É extremamente necessário permitir que os pequenos brinquem, se divirtam, isso tudo faz parte do desenvolvimento da criança”.

Os dois lados da moeda

Mas não é apenas a falta do brincar que prejudica o desenvolvimento das crianças. A exposição dos pequenos a conteúdos inapropriados para sua faixa etária pode criar a erotização infantil. Parece óbvio dizer isso, mas crianças não são adultos. Não ainda. Por isso, os pais devem ficar atentos com o que os filhos estão ouvindo e assistindo.

A atendente Gisele Moura de Souza, 38 anos, impôs desde muito cedo, limitações aos dois filhos – Caio, 10 anos, e Luana, oito anos – no que diz respeito ao que assistem, ouvem e brincam. “Eles precisam agir e serem tratados como crianças que são. Portanto, evito ao máximo que tenham contato com conteúdos impróprios para suas idades. E o que vejo é que eles pensam e agem de acordo com suas idades. São crianças que aproveitam ao máximo a infância, são felizes”, afirma Gisele.

A postura de Gisele é considerada correta, já que os pais devem observar as atitudes e comportamentos das crianças, uma vez que eles são espelhos de seu meio social. “Aos pais, digo que é um desafio grande educar, mas não é mistério. Educar nada mais é do que amar, ajudar o seu filho a crescer e, principalmente, direcionar, mantendo o equilíbrio diante de todas as situações que poderão existir”, diz a psicóloga.

NO FOCO

Vanessa Neves Fadul Carvalho – Psicóloga

CRP: 06/123744

Telefones (16) 9.8174-1230 (TIM) e 9.9986-1230 (CTBC)