Deixar de ir na Comissão Processante mostra Gilson sem um bom conselheiro

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 12 de dezembro de 2017 às 10:41
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:28
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Prefeito teve a oportunidade de
esclarecer à população todos os
episódios narrados na Câmara

No tempo do Império Romano, que dominou mais de metade do globo terrestre, havia uma frase que atravessou os séculos: “à mulher do imperador Cesar não basta ser honesta; tem de parecer honesta”.

Ulisses Guimarães, o senhor Diretas Já e o senhor Constituinte a mencionava a cada oportunidade.

Ele teve cerca de 45 anos de vida ativa na política e contra ele nada foi assacado.

Remetida aos tempos modernos, a frase teve pouca influência na vida francana.

O prefeito Gilson de Souza foi convocado para depor na Comissão Processante que apura a denúncia do radialista Marcelo Teixeira, de que o prefeito teria beneficiado uma construtora. 

Se tivesse um bom e inteligente conselheiro político, Gilson de Souza deveria agradecer a oportunidade de esclarecer à população todos os episódios narrados pelos engenheiros e procuradores da Prefeitura em seus depoimentos na Comissão Processante.

Vendo de longe, não seria difícil esclarecer as versões que circulam nos meios políticos, muitas delas divulgadas pelos assessores do prefeito.

Uma delas era a necessidade de acelerar os processos de aprovação dos parcelamentos de solo, que sempre caminharam a passo de tartaruga na administração pública francana.

Pois Gilson de Souza não compareceu perante a Comissão Processante.

Cumpriu o protocolo, criado e desenvolvido por seus conselheiros, de que deveria ignorar a Comissão, fazendo o possível para desmoralizá-la.

Porém, ao não comparecer ao depoimento, o prefeito de Franca não desmoralizou a Comissão.

Desmoralizou seus eleitores transitórios, aqueles que votaram nele apenas uma vez e o tiraram da faixa de 30 a 50 mil votos e dobraram seu desempenho nas urnas.

Seus eleitores cativos, que o acompanham há 30 anos, vão continuar apoiando todos os movimentos de Gilson de Souza, independentemente de suas atitudes.

Os eleitores transitórios já se arrependeram e estão deixando Gilson de Souza cada vez mais sozinho, ao lado dos novos conselheiros.

Um experiente observador, que conheceu o prefeito Maurício Sandoval Ribeiro (que administrou Franca por dez anos – uma de seis anos e outra de quatro anos), fez uma hipotética comparação.

No lugar de Gilson, Maurício iria à Comissão Processante, responderia a todas as questões sem franzir a testa, daria algumas risadas de bom humor, falaria tudo o que tinha para falar e depois iria fazer um happy-hour com os membros da Comissão.

A frase mais ouvida nos meios políticos depois da negativa de Gilson de Souza foi: “quem não deve não teme”.

Os observadores políticos já analisaram o cenário e são unânimes no diagnóstico: é muito provável que o relator da Comissão Processante, vereador Della Motta, dê um parecer pela cassação do prefeito.

É bem provável que a Comissão aprove o relatório. Mas é muito improvável que a Câmara Municipal aprove a cassação, mesmo porque são necessários dez votos e o prefeito hoje domina a Câmara Municipal.

Mas a escorregada de não ter deposto na Comissão, quando tinha a oportunidade de esclarecer tudo o que se falou a respeito dos benefícios à construtora, vai ficar na conta do prefeito Gilson de Souza.

Afinal, o episódio da Comissão Processante vai passar, mas a atitude do prefeito, não.

Talvez seja melhor o prefeito ouvir uma segunda ou uma terceira opinião de quem está interessado em garantir uma boa administração e não apenas em levar vantagens momentâneas, desagregando um cenário que poderia ser inteiramente favorável a ele.

Afinal, “à mulher de Cesar não basta ser honesta; tem de parecer honesta”.


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