Covid-19: dispersão do coronavírus pode ser 5x maior no interior de SP

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 29 de abril de 2020 às 12:21
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:39
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Dos 2.049 óbitos no estado de SP, 728 são do interior e litoral. Franca tem 29 casos confirmados e 2 mortes

​A pandemia de COVID-19 está se espalhando pelo interior do Estado de São Paulo, segundo o alerta do Centro de Contingência do Coronavírus, com base em um estudo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) coordenado pelo professor Carlos Magno Fortaleza, também integrante do grupo.

O levantamento foi apresentado durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes na última terça-feira (28). 

A modelagem mostra que as cidades consideradas polos regionais, como Campinas, Bauru e São José do Rio Preto, apresentam cinco vezes mais chances de disseminação do vírus do que outras cidades menores, com baixa densidade populacional e menor conectividade com municípios de sua região (veja o mapa e os dados abaixo).

A pesquisa aponta ainda que a rota de disseminação do vírus se concentra ao redor da capital, na Região Metropolitana, e se dissemina pelas principais rodovias que cortam o interior do Estado.

Além da densidade populacional, o estudo observou a distância como outro fator importante de dispersão da COVID-19. 

“O risco imediato, como é a condição de vigilância neste momento, é 25% menor a cada 100 quilômetros de distância da capital”, ressaltou o docente. 

Portanto, há tanto o salto entre os grandes centros regionais quanto à difusão por vizinhança e contiguidade de municípios.

Dados da COVID-19

O Estado registrava 2.049 óbitos na terça-feira (28). Desse total, 728 residiam em cidades do interior, litoral e Grande São Paulo, por onde a doença tem crescido – são 141 municípios com pelo menos um óbito, incluindo a capital.

Quase metade do total de municípios em SP já foi alcançada pela COVID-19. Das 645 cidades de SP, 305 tiveram pelo menos um caso da doença. 

Entre os 24.041 confirmados em todo o território, 8.644 dos infectados moravam fora da cidade de São Paulo.

O estudo da Unesp elenca quinze cidades que, juntas, concentram 70% do total de casos e mortes em SP. 

Isolamento social

Carlos Magno Fortaleza enfatizou que é preciso manter expressivo índice de isolamento social nesses polos, para evitar que o contágio atinja também os de menor porte, seguindo a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que prevê quatro tipos de municípios no interior: os polos regionais, os extremamente conectados com polos, os menos conectados e os rurais.

“É grande a necessidade de que os grandes centros regionais mantenham maior rigor no isolamento, o que vai impactar nos demais [em relação à circulação do vírus]”, afirma o professor da Unesp.

Coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, o infectologista David Uip salientou que existe uma falsa sensação de que o interior paulista está protegido contra a COVID-19.

Ele ainda alerta que, se não houver cooperação por parte dos moradores, especialmente dos centros regionais, a doença poderá se alastrar ainda mais pelo Estado.


+ Cidades