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Vereador demonstra posição contraditória; ora é líder informal da base, ora é oposição
Há muito tempo se diz que a Câmara de Vereadores funciona sob pressão.
Há situações em que isso se confirma, em outras não.
Mas fato é que, bastou o prefeito Gilson de Souza (DEM) protocolar um projeto de lei “indigesto”, nesta terça-feira, que sua base demonstrou não ser assim tão sólida.
O projeto é o que altera o valor mínimo para precatórios, de R$ 30 mil para R$ 5,6 mil, o que pode forçar centenas de servidores públicos a esperar por alguns anos para receber valores ganhos na Justiça, em ação que contestou irregularidades nos pagamentos de férias pela Prefeitura de Franca.
Algumas dezenas de servidores, prontamente, rumaram para a Câmara Municipal para protestar contra o prefeito e, claro, sobre vereadores de sua base de apoio.
A maioria se calou, mas não Corrêa Neves Júnior (PSD).
Acostumado a defender Gilson com veemência, Corrêa não pensou duas vezes: gravou um vídeo se posicionando contrário ao projeto de lei do prefeito, que tem o objetivo de não piorar ainda mais as contas da Prefeitura – jogando a conta para os servidores.
No vídeo, postado no Facebook pelo vereador, ele afirma que servidores o marcaram em publicações e queriam saber seu posicionamento sobre o projeto dos precatórios. Corrêa não pensou duas vezes e atacou a iniciativa do prefeito.
“São dúvidas legítimas, pois o projeto na prática alonga os pagamentos sem que haja uma conversa com os servidores. Fui surpreendido com esse projeto, não houve discussão com a base (…) Sou contra a tramitação em regime de urgência”, disse o vereador.
Corrêa garantiu que, mesmo que não houvesse o regime de urgência, o projeto do prefeito Gilson de Souza não contaria com seu apoio.
“Jamais um projeto dessa complexidade e magnitude, com esse impacto que gera às pessoas, poderia ser votado em regime de urgência. E também, nos moldes que o projeto está, eu sou contrário. Tenho uma série de dúvidas sobre esse projeto”, disse Corrêa.
Postura legítima, mas totalmente diferente da adotada no final do ano passado, quando o vereador queria agendar sessão até na véspera de Natal para que um projeto de interesse do prefeito fosse analisado e aprovado na Câmara.
Fica a impressão que é o famoso “dançar conforme a música”, baseado nos interesses momentâneos e individuais.