Consumo de carne pode aumentar em 54% o risco de gordura no fígado

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 23 de fevereiro de 2019 às 19:26
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:24
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Mesmo quem consome carnes consideradas saudáveis, corre o risco de desenvolver esteatose hepática

Pessoas que consomem
muita carne, mesmo aquelas consideradas saudáveis como
frango, peru ou carne magra, estão mais propensas a desenvolverem doença do fígado. 

De acordo com um estudo
publicado recentemente no periódico científico Gut,
pessoas cuja maior fonte de proteína é proveniente de produtos de origem animal
correm um risco 54% maior de desenvolverem doença hepática gordurosa não
alcoólica (DHGNA), também chamada de esteatose hepática, do que aquelas que
optam por proteínas vegetais.

Para determinar como a alimentação pode influenciar
o risco de DHGNA os pesquisadores do Centro Médico da Universidade Erasmus
MC em Roterdã analisaram questionários dietéticos e exames de gordura hepática
de 3.882 adultos com, em média, 70 anos de idade. Nenhum dos participantes
tomava medicamentos esteatogênicos ou tinha hepatite viral – ambos podem
fazer com que a gordura se acumule no fígado.

Os resultados mostraram que 34% dos participantes
apresentaram DHGNA e a maioria não tinha sobrepeso (um fator de risco para
o problema). Além disso, aqueles que tinham sobrepeso e consumiam a maior
quantidade de proteína animal corriam um risco 54% maior de desenvolver a
doença do que aqueles que ingeriam uma quantidade menor desses alimentos. 

A
associação permaneceu mesmo após serem ajustados fatores socioeconômicos e de
estilo de vida. “Talvez o mais importante seja que a associação
permaneceu independente da ingestão calórica total. Nós também mostramos
que uma dieta diversificada é importante,”, disse Sarwa Darwish Murad, líder do estudo e pesquisadora do departamento de
gastroenterologia e hepatologia. A quantidade de calorias provenientes das
proteínas foi semelhante para os dois grupos.

Shira Zelber-Sagi, diretora de nutrição, saúde e
comportamento na Universidade de Haifa, em Israel, disse ao Daily Mail que  a pesquisa demonstra a
importância de uma dieta baseada em vegetais para minimizar o risco
de doença hepática. Ela ressalta ainda que a carne processada, que é
modificada para estender a vida útil em prateleira ou para mudar seu gosto,
pode causar inflamação e resistência à insulina. Ambas as condições contribuem
para a DHGNA, de acordo com Shira.

Por isso, ela recomenda que as pessoas limitem
seu consumo de carne vermelha ou processada e optem por uma dieta mediterrânea, rica em peixe, grãos
integrais e vegetais.

A esteatose hepática descreve uma gama de condições
causadas pelo acúmulo e gordura no fígado que não foi causada pelo consumo
excessivo de álcool. Um fígado saudável deve ter quase nada de gordura e uma
pequena quantidade já é considerada o estágio inicial de DHGNA.

Embora não seja grave em seu estágio inicial, a
doença pode levar a danos graves no fígado, incluindo cirrose, o que pode levar
à morte por falência hepática.

Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica

A doença hepática gordurosa não alcoólica á
caracterizada pelo acúmulo de gordura no fígado que não é causada pelo consumo
excessivo de bebida alcoólica. De acordo com a Sociedade Brasileira de
Hepatologia, ela pode permanecer estável por muitos anos e até regredir,
se suas causas forem controlados. Se não o forem, a doença pode evoluir para a
esteato-hepatite – quando a doença se associa a inflamação e morte celular,
fibrose e tem maior potencial de progressão para cirrose e câncer de fígado.

Os principais fatores de risco ou causas de DHGNA
estão relacionados a obesidade e sobrepeso, diabetes, dislipidemia (aumento do
colesterol e/ou triglicérides), hipertensão, uso prolongado de medicamentos
como amiodarona, corticosteroides, estrógenos, tamoxifeno; produtos químicos,
anabolizantes, cirurgias abdominais como bypass jejuno-ileal, derivações
bilio-digestivas; hepatite C, síndrome de ovários policísticos, hipotiroidismo,
síndrome de apneia do sono, hipogonadismo, lipodistrofia, abeta lipoproteína e
deficiência de lipase ácida.

A doença ganhou atenção por ter se tornado a mais
frequente doença de fígado da atualidade, atingindo entre 20 e 30% da população
mundial. Na maioria dos casos, a doença é assintomática. Por isso,
o diagnóstico da esteatose é incidental. Ou seja, a doença geralmente é
identificada precocemente porque o paciente realizou uma ultrassonografia
de abdômen como parte de seus exames de rotina. 

Especialistas recomendam
que ultrassonografias de abdômen só sejam solicitadas para o diagnóstico
de esteatose para portadores dos fatores de risco para a doença.


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