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MEC libera 274 mil vagas para a área de saúde em formato EAD, gerando polêmica sobre riscos oferecidos
O Conselho Regional de Farmácia de São Paulo, CRF-SP, é totalmente contra a medida do Ministério da Educação (MEC) que autorizou mais de 274 mil vagas de cursos de graduação na área da saúde em formato 100% EAD, ou seja, à distância. Destas, 9.320 vagas são para cursos de Farmácia, distribuídas em seis instituições de São Paulo, Bahia, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Paraná.
Para o CRF-SP, essa abertura de vagas traz sérios riscos à população que será atendida por um profissional da área da saúde formado via remota, sem interação direta com o paciente, sem aula prática, sem experiência em manipulação de medicamentos, em controle de qualidade, aplicação de injetáveis e outras atividades essenciais à formação do farmacêutico.
Para o Dr. Pedro Eduardo Menegasso, presidente do CRF-SP, o Brasil é um dos países mais atrasados do mundo em termos de qualidade de educação. “Está evidente que quem apoia a graduação 100% à distância na área da saúde não está bem-intencionado, muito menos pensando no futuro do país”.
Ele destaca ainda que a abertura indiscriminada e a falta de fiscalização dos cursos de Farmácia em relação à qualidade e à ausência de estrutura mínima já resultam em inúmeros problemas, que vêm preocupando muito o CRF-SP, entidade que tem a atribuição de zelar pelo exercício do farmacêutico. “Ao invés de encaminhar soluções para melhorar a situação, o MEC surge com essa novidade absurda de abertura de cursos de graduação 100% à distância, no qual o profissional é formado sem nunca ter contato com um paciente e sem entrar num laboratório. Não aceitamos isso e tomaremos todas as medidas necessárias para impedir”.
Assim como o CRF-SP, entidades como o Conselho Federal de Farmácia (CFF) e o Conselho Nacional de Saúde (CNS), já se manifestaram contrários a essas autorizações.
Hoje, o Brasil é o país que mais forma farmacêuticos no mundo, com um terço do total de cursos graduação do planeta.
O CRF-SP não é contrário a novas tecnologias, mas elas devem ser utilizadas para contribuir com a sociedade. Na educação, por exemplo, o EAD é útil para cursos de atualização profissional, ou até mesmo de pós-graduação, mas jamais deve substituir o ensino presencial, principalmente quando se trata de formação de profissionais que terão a responsabilidade de cuidar de vidas.