Congadeiro une vida pessoal e profissional e se torna referência em Paraíso, MG

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 24 de dezembro de 2018 às 16:25
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:15
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Grupos de congadas mantêm tradição viva no Sul de Minas Gerais

Vicente Irmão é referência para congadeiros da região — Foto: Arquivo Pessoal

De risada inconfundível e acolhimento caloroso, Vicente Souza Neto respira a congada. 

A cultura, tão presente em sua vida pessoal, se estende também ao seu trabalho no Museu da Congada, em São Sebastião do Paraíso (cidade de MG a 75 km de Franca), fazendo com que Vicente Irmão, como é conhecido no meio, se torne uma referência na cidade e em diversos outros grupos do país.

Andando pela cidade, Vicente é cumprimentado por todos por onde passa, e de quando em vez, alguém puxa um canto de congada para ver o funcionário público dar alguns passos de Moçambique, movimento onde começou aos cinco anos.

“Isso pra mim é paixão, alegria, fé e amor”, define o congadeiro.

O zelador do museu das congadas na cidade exerce um papel que a Associação dos Congadeiros define como fundamental. Segundo Heraldo Bícego, presidente da organização, Vicente foi escolhido para ser o elo entre o movimento congadeiro e a Igreja Católica. Ele é quem mantém a organização das Congadas em diálogo com a instituição religiosa.

Congadas são tradição no Sul de Minas — Foto: Flávio Danza

O congadeiro organiza as procissões de abertura e encerramento, ornamentos dos andores, escala para orações, carregamento dos estandartes e mantém em paz a relação que em outros lugares não é tão próxima. Segundo o presidente, na última edição das congadas, o público por noite foi de mais de 2,2 mil pessoas.

“Sem a figura do Vicente, as Congadas daqui estariam sob risco de ter conflitos com a Igreja e por consequência perda de público”, afirma Heraldo.

Vicente também faz a catequese de capitães e outros congadeiros, num trabalho de diálogo entre a pregação cristã e o sincretismo natural presente nas congadas. O trabalho aumenta principalmente entre os dias 26 e 31 de dezembro, quando o congadeiro diz que para pouco em casa e dorme cerca de 3h por noite.

“A gente faz com amor e recebe o carinho com amor também”, resume Vicente.

A dedicação do zelador se tornou motivo de orgulho para os congadeiros de São Sebastião do Paraíso, que consideram o Irmão um presente para o movimento.

Vicente faz a ponte entre os grupos de congada e a igreja católica — Foto: Arquivo Pessoal/Vicente Souza Neto

Congadas no Sul de Minas

Os ternos de congada, como são chamados os grupos, unidos à cultura negra ajudaram a formar a história do Sul de Minas. Segundo historiadores, as irmandades que se formaram ao redor das manifestações negras, entre elas o Congado, além de ser uma forma de expressão cultural e religiosa, exerciam um papel social importante. A força dessas manifestações é o tema da série Congadeiros de Minas, da EPTV Sul de Minas, que vai ao ar entre os dias 18 e 21 de dezembro.

 Congada e cultura negra ajudaram a formar a história do Sul de MG — Foto: Reprodução EPTV


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