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Apesar do conturbado momento econômico brasileiro, o setor de cosméticos se destaca no país
No processo de substituir gradativamente o isolamento doméstico por papéis cada vez mais importantes na geração de renda, a mulher precisou de novas armas para impor sua presença. Um dos saldos dessa jornada é o crescimento do consumo de maquiagem entre as brasileiras. Não diferente do restante do país, as francanas são consumidoras vorazes dos cosméticos que, a cada lançamento, prometem maravilhas.
É o caso da universitária Simone Lima, 24 anos, que fica atenta às novidades e todo mês adquire algo novo para sua “coleção”. “Sou apaixonada por maquiagem desde criança. Gosto de tudo que envolve o universo de cosméticos: tinturas para cabelo, esmaltes e maquiagem. Não conseguiria viver sem tudo isso”, diz a estudante de História, que chega a investir R$ 185 por mês para reforçar sua nécessaire.
Por conta de pessoas como Simone, o Brasil é hoje o 3º mercado global em beleza, atrás da China e dos Estados Unidos. O brasileiro destina 2% de seu orçamento à compra de produtos de higiene e beleza, movimentando US$ 43,5 bilhões em 2014, segundo a Abihpec – Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos. E apesar do conturbado momento econômico brasileiro, o setor de cosméticos tem desempenho melhor que outros segmentos da economia. Uma previsão da Abihpec diz que em 2019, o setor de beleza no Brasil desfrutará de um crescimento único de 63%.
A categoria de maquiagem continua em 3º lugar no consumo global, representando 7,7% do mercado de cosméticos brasileiro em uma distribuição homogênea entre as subcategorias: 28% para os produtos para unhas; 24% para os cuidados com os lábios; 24% para rosto e 24% para os olhos. Dados do Euromonitor International, líder mundial em pesquisa de estratégia para mercados consumidores, indicam que 73% das mulheres brasileiras usam um batom ou gloss, 71% usaram esmalte nos últimos seis meses e 32% usam maquiagem regularmente. A francana Carolina Ferraciolli engrossa essas estatísticas. “Eu sempre me interessei pelo mundo dos cosméticos, sempre estudei as fórmulas, princípios ativos até chegar ao produto final. A maquiagem é um mundo infinito, que desde bem novinha sempre usei e sou apaixonada até hoje”, diz.
Em Franca
Atuando há três anos nessa área, a empresária Cíntia Pessoni comemora o crescimento e consolidação dos negócios. “As francanas são muito vaidosas e todos os dias estão à procura de produtos que as deixem cada dia mais lindas, com isso, trazemos novidades sempre, o que acaba criando a fidelização por parte das clientes”, observa.
A relação entre a loja de Cíntia, que leva o seu nome, e os clientes é tão forte, que sempre que eles vão comprar algo, a procuram para saber se ela tem condições de atendê-los com uma determinada marca. “Trabalhamos com multimarcas e conforme as pessoas procuram alguma marca específica, começo a disponibilizá-la na loja. Faço questão de atender às necessidades de todos”, diz Cíntia, que possui todos os tipos de clientes, inclusive homens – cabeleireiros, maquiadores e clientes virtuais, que ficam sabendo de seus produtos.
Há pouco mais de um ano trabalhando com maquiagem, a consultora de beleza Jacqueline Galgani entrou no mercado através da Mary Kay. Hoje, atende mulheres que buscam aprender técnicas de maquiagem e a se cuidar. “Percebo que além da maquiagem, existe a preocupação com os cuidados com a pele, e independe da idade ou classe social. Tem meninas de 18 e senhoras de 65 anos que me procuram e querem se olhar e se sentir ainda mais bonitas”, diz.
Ciente da rapidez com que evolui o mercado, Jacqueline já fez vários cursos e está sempre em busca de aperfeiçoamentos, além de estar antenada às novidades e técnicas que surgem. “O setor está em expansão e temos várias pesquisas feitas em nível nacional que comprovam que o segmento de cosméticos está em pleno crescimento e, em Franca, a realidade é a mesma. É um mercado muito promissor, mas que exige qualificação”, afirma Jacqueline.
Investindo sempre
Quantos produtos de beleza você compra por mês? Mesmo que você não seja uma aficionada por maquiagem, vez ou outra toda mulher precisa renovar a nécessaire com um rímel, batom, um blush ou outro produto, não é verdade? Além disso, cada vez mais as lojas e marcas têm diversificado sua variedade de itens, atraindo mais as consumidoras. O resultado disso é que o setor de maquiagem tem atraído centenas de pessoas em Franca, que viram nessa área um ótimo nicho de negócio. São aspirantes à profissão de maquiador, investidores e consultores de beleza, movimentando uma economia que não para de crescer.
Satisfeita com a escolha que fez, e sempre disponível para suas clientes, Jacqueline diz que o gasto médio com maquiagem e cuidados personalizados é de R$ 150 a R$ 200 por mês. Cíntia também se diz satisfeita e contabiliza que, em média, seus clientes gastam R$ 70 por mês com novos produtos. Sua mudança de ramo – antes Cíntia atuava na área de bolsas – deu tão certo, que além de sua loja à Avenida Brasil, ela abriu um ponto de vendas no shopping. “Escolhi o shopping para que as pessoas tenham um ponto a mais para poder comprar conosco, além de um horário de atendimento estendido. E a receptividade tem sido melhor do que imaginei”, afirma a empresária, que hoje possui clientes de outras cidades e estados, através das vendas virtuais.
Uma dessas clientes fiéis é Carolina, que investe muito na renovação de seu arsenal, além de estar sempre antenada a vídeos pela internet que a auxiliam a definir novas makes e produtos. “Amo e indico os vídeos de Marina Saad, Bruna Tavares, Bruna Malheiros, que são blogueiras experts em beleza”, comenta. Carolina diz ainda que a maquiagem deveria fazer parte da vida de todas as mulheres. “Os homens também deveriam utilizar alguns produtos neutros, digamos que um primer – redutor de poros, controle de oleosidade e um corretivo para olheiras, por exemplo, seriam perfeitos”, pondera.
Entre sombras e pincéis
Foi a paixão por esse universo que fez Vanessa Procópio trocar o trabalho no setor financeiro de uma fábrica para se tornar maquiadora profissional. “Fiz um curso de automaquiagem e depois um profissional, até então sem nenhuma pretensão financeira – fazia pelo prazer de maquiar. No começo fazia maquiagem até de graça para treinar, aos poucos fui colocando preço e quando percebi, minha renda já estava maior do que a do meu emprego formal. Foi quando montei meu espaço e passei a oferecer cursos e atender todos os públicos: noivas, madrinhas, formandas, debutantes, bailarinas”, conta.
Há quatro anos no mercado, Vanessa costuma cobrar, em média, R$ 150 por maquiagem – mas tudo depende do que será colocado no pacote. Hoje, ela é uma das profissionais mais requisitadas de Franca, mas para que isso fosse possível, admite que foi preciso constante renovação do conhecimento. “O mundo de cosméticos tem lançamentos o tempo todo, por isso é preciso se atualizar, fazendo vários cursos por ano. Neste mesmo, já fiz um no Paraná e no final do ano estarei em outro na Argentina, numa famosa academia de maquiagem que tem lá. Não podemos parar nunca”, diz.
E é justamente por isso que a maquiadora aconselha a quem quer entrar nessa profissão: é preciso escolhê-la por amor, uma vez que muitas não conseguem o retorno esperado porque visualizam apenas a oportunidade de ganhar dinheiro. “Isso não dá certo, pois quando você ama algo, você estuda, se atualiza, e isso tudo te dá prazer. Eu, por exemplo, quando não estou trabalhando, estou vendo blogs, assistindo a tutoriais de maquiagem no Youtube ou até mesmo treinando novas maquiagens e nada disso me cansa, pois é algo que amo”, afirma.