Como é definida a data da Páscoa cristã a cada ano? Veja a explicação aqui

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 11 de abril de 2020 às 17:11
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:35
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Definição da Páscoa combina calendários astronômicos com tradições hebraicas, romanas e egípcias

Papa Gregório, que implantou o atual calendário, chamado gregoriano

Em 2020, será no dia 12 de abril. Em 2019, foi no dia 21 de abril. Em 2021, será no dia 4 de abril. E, em 2024, volta para março, caindo no dia 31. 

Afinal, quem define a data da Páscoa, que segundo a tradição cristã marca o dia da ressurreição de Jesus Cristo? E por que ela varia tanto?

A explicação está em um sistema complexo criado para tentar combinar diferentes calendários astronômicos com tradições hebraicas, romanas e egípcias. 

A partir desse sistema, ficou definido que ela deve ser festejada no primeiro domingo após a primeira Lua Cheia depois do equinócio (ou seja, o início) da primavera, no Hemisfério Norte, ou do outono, no Sul. 

No calendário judaico, equivaleria ao primeiro domingo após o 14º dia do mês lunar de Nissan, o primeiro mês de 30 dias nesse calendário, que tem uma contagem diferente do gregoriano (o mais adotado no mundo ocidental, por católicos e protestantes). 

Com isso, a única certeza é que a Páscoa deve ser festejada entre 22 de março e 25 de abril.

Não foi fácil chegar a esse consenso. Até o século 2, a maioria dos cristãos festejavam a Páscoa no mesmo dia da Pessach, que no judaísmo marca a libertação dos hebreus da escravidão do Egito. 

Ela foi estabelecida por uma ordem de Javé, segundo a Torá, e é comemorada no dia 14 de Nissan.

Em algum momento, porém, alguns grupos de cristãos começaram a celebrar a Páscoa no domingo após o Pessach, com o objetivo de criar uma data independente para celebrar exclusivamente a ressurreição de Jesus. 

No século 4, no ano de 325, autoridades da Igreja Católica se reuniram no Concílio de Niceia para determinar uma data para as comemoração, com o objetivo de unificar a celebração em todo o Cristianismo.

O Concilio de Niceia foi chamado para estabelecer uma data para a Páscoa

Mas surgiu um novo problema: ao separar a Páscoa da Pessach, não havia como calcular a data da festa com antecedência, pois a astronomia romana seguia o calendário solar, não o lunar, como os judeus. 

A Igreja, então, fixou datas eclesiásticas, que tendiam a seguir o tempo lunar e seriam diferentes das datas astronômicas, estabelecendo a data da Páscoa no primeiro domingo após a Lua Cheia “eclesiástica” depois do equinócio de primavera/outono.

A confusão, no entanto, estava longe de acabar. Nessa época, o calendário usado na Europa ainda era o juliano, em homenagem a Júlio César, baseado no ano solar. 

O problema é que esse calendário, por 4 séculos, superestimou o ano solar em 3 dias. O resultado? No século 16 a Páscoa acabou sendo comemorada em pleno verão europeu, que só acontece a partir de junho.

Em 1582, o papa Gregório 18 resolveu corrigir o erro e criou um novo calendário, que usamos até hoje, limitando os dias do ano a 365 (366 nos anos bissextos), extinguindo 10 dias na contagem. 

Ao dormir no dia 4 de outubro de 1582, quem seguia esse calendário acordou no dia 15 de outubro na manhã seguinte. 

Mas os cristãos ortodoxos não apoiaram a medida e continuaram seguindo o calendário juliano. Por isso, a Páscoa é celebrada em datas diferentes pelas duas vertentes do cristianismo.


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