Com sinais claros, as falsas amizades – muito comuns – podem ser evitadas

  • Entre linhas
  • Publicado em 26 de dezembro de 2017 às 16:06
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:30
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Segundo psicóloga, é preciso aprender a ler as pessoas para saber em quem você deve ou não confiar

Levante a mão quem nunca viu aquela amiga que jurava ser de fé, irmã camarada sair por aí virando a casaca e bombardeando sua reputação. Agora levante a mão também quem nunca passou adiante aquele segredinho íntimo de outro colega. Ou quem nunca foi apunhalado pelas costas por um amigo querido em um namoro ou casamento? Isso acontece nas melhores famílias e geralmente da pessoa que você menos espera. 

Foi exatamente o que viveu a esteticista, cosmetóloga e sócia da Redux Clínica de Estética, Manuela Guiraldelli, 27 anos, que durante muito tempo conviveu com uma pessoa que achava ser sua amiga e não era. “Ela dava uma de amiga, mas tinha inveja. Fui descobrir isso depois. Não suportava me ver bem e feliz, queria tudo o que eu tinha e tinha prazer em se aproximar quando eu estava mal. Além disso, falava mal de mim para os outros e as pessoas me alertavam, mas eu não acreditei até descobrir a verdade”, conta.

Segundo a psicóloga Valéria Guimarães, esse tipo de comportamento é inerente à natureza humana e ao decorrer da vida, você ainda vai se deparar com vários amigos da onça. “Você precisa se preocupar é em saber identificá-los para assim poder se defender dos golpes. E isso não significa que você não pode confiar em ninguém, claro que não! É preciso aprender a ler as pessoas para saber em quem você deve ou não confiar. Assim você se poupa de decepções e prejuízos”, orienta.

Confiar, uma dificuldade

Para a promotora de eventos Elisângela Santos, está cada dia mais difícil encontrar pessoas de confiança, ainda mais se tratando de mulheres. “Quem nunca teve ou tem uma amiga da onça? Eu que o diga! Já tive várias, aquelas que achava ser como uma irmã”, afirma ela, que há algum tempo rompeu uma amizade de 12 anos por saber que essa era uma amiga da onça, isso sem contar na área que trabalha, que diz viver rodeada delas. “Hoje depois de tantos tombos, a vida me ensinou a não confiar em ninguém e falar bem pouco dos meus projetos, afinal tem muita gente querendo roubar nossas ideias. Mas não tenho mais medo dessas pessoas, e sim pena, pois sempre estão sozinhas”, comenta.

Na opinião da psicóloga, a amizade entre mulheres não é algo impossível. “Mau-caratismo e traição existem nos dois sexos. Não se deve nunca generalizar”, afirma. 

Segundo ela, entretanto, as relações femininas são mesmo marcadas pela disputa. “Isso está atrelado à personalidade da mulher, talvez em função das transformações na nossa sociedade judaico-cristã”, pondera Valéria, acrescentando que pode ser que muitas delas não estejam emocionalmente maduras e seguras para conviverem entre si e tolerem a ideia de que não são únicas e polivalentes, como era a rainha do lar, por exemplo.  “E também não há como negar, a mulher é bem mais perversa que o homem, sente menos culpa”, explica.

Que o diga Manuela, que após a decepção vivida, diz ter poucas amizades em que confia. “Fiquei mal com a situação, mas serviu para meu crescimento e amadurecimento. Hoje sou o mais verdadeira possível e fico sempre com o pé atrás com as amizades”, admite.

Já Elisângela diz que a maior lição que tirou das amigas da onça que conheceu é que elas são pessoas infelizes e frustradas, que acham que enganam. “Mas por pouco tempo, quando a máscara cai, não adianta”, diz a promotora de eventos, que hoje tem poucas amigas e estas sabem pouco ou quase nada sobre sua vida. “Estou entrando em um grande projeto como no ano passado e soube que uma dessas ‘amigas’ já tentou passar por cima… Mas quer saber? O que é do homem o bicho não come, e resta a nós todos os dias pedir a Deus que nos livre das amigas da onça”.

Eles também são vítimas

E se você pensa que esses casos de traição são só vividos pela ala feminina, se engana! Os efeitos perversos dos requintes de competição que uma simples amizade pode ter – vistos com muita frequência entre as mulheres – também são vividos pelos homens. 

É o que diz o representante comercial Paulo Henrique Soares, 32 anos, que conviveu por dois anos com uma pessoa a quem julgava ser seu amigo, e que pedia demais sem dar nada em troca. “Ele falava sem parar dos problemas dele, mas se distanciava quando eu começava a enfrentar crises ou querer relatar os meus problemas. Sem contar que pedia muitos favores, mas não retribuía ou oferecia algo em troca. Percebi que a balança estava muito desequilibrada e me afastei”, diz.

Apesar da pouca idade, o estudante universitário Rômulo Neves, 23 anos, diz ter aprendido cedo a identificar os falsos amigos. Segundo ele, eles costumam bajular, apoiar as loucuras, dar força na hora de tomar a decisão errada, sempre concordam e não contrariam. “Eles se declaram seus melhores amigos, mas na hora do aperto, desaparecem! Os falsos amigos são amigos na conveniência e querem usufruir de todas as vantagens que ter um amigo pode proporcionar”, defende.

A psicóloga comenta que a principal diferença das disputas naturais entre homens e mulheres é que eles precisam provar para si que são os melhores. Já elas precisam mostrar isso para o mundo. “Mas as amizades são possível, claro. Basta comparar o número de amizades entre mulheres que dão certo e as que acabam mal”, acredita. Para ela, o melhor caminho para não ter uma decepção logo com quem em tanto se confia é usar o bom senso. Afinal de contas, uma amizade verdadeira não se faz com diferença de sexos e sim com sinceridade de ambos os