Cientistas criam óvulos humanos até o final em laboratório pela 1ª vez

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 9 de fevereiro de 2018 às 11:58
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:33
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Nenhum estudo anterior havia conseguido desenvolver os óvulos do início ao fim, até a fertilização

Cientistas conseguiram pela primeira vez
desenvolver óvulos humanos em laboratório desde os estágios iniciais até a
total maturidade, quando estão prontos para serem fertilizados – uma descoberta
que pode ajudar a desenvolver novas terapias regenerativas e tratamentos contra
a infertilidade.

O experimento foi realizado por pesquisadores do
Reino Unido e dos EUA, que publicaram os resultados na revista científica
“Molecular Human Reproduction” nesta sexta-feira, 09 de fevereiro.

Os óvulos foram desenvolvidos a partir do tecido
ovariano de dez mulheres. Dos 48 óvulos que atingiram o penúltimo estágio do
processo, nove chegaram à maturidade total.

Estudos anteriores já haviam obtido o mesmo
resultado em ratos: foram criados óvulos desses animais em laboratório até o
estágio em que eles produziram descendentes vivos.

Já em humanos outras equipes tinham conseguido
atingir diferentes estágios de desenvolvimento do processo, mas é a primeira
vez que se consegue desenvolver os mesmos óvulos do estágio inicial até o ponto
em que poderiam ser liberados pelos ovários e fertilizados (a maturidade
total). “Ser capaz de desenvolver completamente óvulos humanos em laboratório
pode ampliar o escopo dos tratamentos de fertilidade existentes. Estamos agora
trabalhando em melhorar as condições dos óvulos humanos durante seu
desenvolvimento e estudando o quão saudáveis eles são”, disse Evelyn Telfer,
coautora do trabalho, que foi conduzido por pesquisadores de dois hospitais em
Edinburgo (Escócia) e do Centro de Reprodução Humana de Nova York.

Especialistas que não estão ligados diretamente ao
estudo comentaram que o trabalho é importante, mas alertaram que há muito a ser
feito antes que os óvulos criados em laboratório podem ser usados com segurança
para serem fertilizados com esperma. “Esses
dados sugerem que isso pode ser muito factível no futuro”, diz Ali Abbara,
pesquisador experiente da área de endocrinologia do Imperial College London.
“Mas a tecnologia ainda está em um estágio inicial, e há muito a ser feito para
garantir que a técnica é segura e que os ovos permanecerão normais durante o
processo, formando embriões que levem a bebês saudáveis”, disse.

Para Darren Griffin, professor de genética da
Universidade de Kent no Reino Unido, o trabalho foi um “avanço técnico
impressionante”.

Se for comprovada sua segurança e seu sucesso,
afirma, pode ajudar no futuro pacientes de câncer que querem preservar sua
fertilidade antes de passarem por quimioterapia, melhorar os tratamentos contra
infertilidade e aprofundar a compreensão da biologia dos primeiros estágios da
vida humana.


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