Por que casos de ataques cardíacos aumentam na noite de Natal

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 23 de dezembro de 2018 às 10:35
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:15
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Um estudo publicado no periódico BMJ calculou que o risco de um ataque aumenta 37% na noite do dia 24

Dez horas da noite da
véspera de Natal, no dia 24. Este é, segundo cientistas suecos, o pico de
incidência de ataques cardíacos no período festivo, na comparação com outras
datas “normais”, em seu país.

Analisando registros
de 283.014 de infartos do miocárdio (músculo do coração) em um banco de dados
nacional entre 1998 a 2013, um estudo publicado no periódico BMJ calculou que o
risco de um ataque do tipo aumenta em 15% no período do Natal (de 24 a 26 de
dezembro) e, especificamente na noite do dia 24, em 37%.

Em outra festividade incluída na pesquisa, o Midsummer – uma das
datas mais importantes da Suécia, em que se comemora a chegada do verão, em
junho -, também foi observado um aumento do risco, em 12%.

Os registros incluem casos que chegaram a unidades de saúde do
país, como hospitais.

Os pesquisadores
afirmam que os resultados não querem dizer que haja uma relação direta de causa
e efeito entre a data e os ataques cardíacos, mas sinalizam que as festividades
provavelmente despertam fortes emoções – um dos fatores que sabidamente podem
contribuir para ataques cardíacos.

Segundo o estudo, são mais vulneráveis aos riscos nestas datas
as pessoas mais velhas, principalmente com mais de 75 anos, e com doenças
crônicas, como a diabetes e a doença arterial coronariana.

O
que já disseram outras pesquisas do tipo

Os autores do trabalho publicado no BMJ lembram que outros estudos já haviam
mostrado uma alta na incidência de ataques cardíacos em festividades do
Ocidente, como o Natal e o Ano Novo, ou em datas comemorativas do Islamismo, em
regiões onde esta religião é predominante.

Um exemplo mencionado pelos cientistas, por exemplo, é o de
Winston Churchill (1874-1965), primeiro-ministro britânico na Segunda Guerra
Mundial. Acredita-se que ele tenha tido um infarto, do qual sobreviveu, durante
visita à Casa Branca, nos EUA, no período do Natal de 1941.

Problemas cardíacos
figuram no topo das principais causas de morte do mundo. Cientistas consideram
que suas causas são multifatoriais, incluindo riscos modificáveis e
não-modificáveis. Tabagismo, alimentação e sedentarismo, por exemplo, são
componentes do estilo de vida que podem agravar a saúde. Considera-se, porém,
outros fatores externos, como terremotos, furacões e conflitos armados, além de
elementos de curto prazo, como estresse, esforço físico excessivo e exposição
ao frio e à poluição.

Emoções também têm sido entendidas na comunidade científica como
fatores a serem considerados, como a raiva, a tristeza e o pesar.

Primeiro dia do ano também apresenta
riscos

Tendo em vista o dia
a dia, outras pesquisas já mostraram que as primeiras horas após o despertar
apresentam maior risco de infartos.

No estudo apresentado neste mês, os cientistas suecos também
mostraram maior incidência de casos nas manhãs de segunda-feira, principalmente
às 8h da manhã.

Outras ocasiões avaliadas, como o feriado de Páscoa e os eventos
esportivos como a Copa do Mundo, os Jogos Olímpicos e campeonatos europeus de
clubes, não mostraram alterações em relação a períodos tidos como
“normais”. No caso destes torneios esportivos, os pesquisadores
demonstraram surpresa, uma vez que colegas já haviam indicado que ocasiões como
partidas de futebol decisivas também são momento de risco.

Já no caso específico do Ano Novo, também incluído na pesquisa,
os autores do artigo encontraram um risco 20% maior de infarto no primeiro dia
do ano, mas não na virada (a noite do dia 31). “Isso pode ter
relação com excesso de consumo de álcool e comida, exposição a baixas
temperaturas (no caso da Suécia, nesta época do ano) e privação do sono na
noite anterior”, escrevem os pesquisadores.


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