Mudanças nas taxas e condições mais amistosas oferecidas pelos bancos podem ser o empurrão que faltava
A guerra do juro travada pelos bancos para seduzirem clientes no financiamento imobiliário traz boas possibilidades para quem procura a casa própria, mas deve ser recebida com cautela.
Nesta semana, o Santander anunciou o aumento do limite de 80% para 90% do valor que pode ser financiado — ou seja, o cliente poderá pagar apenas 10% do imóvel à vista e parcelar o restante em até 35 anos.
Parcela pesada
Anderson Machado, presidente da Associação dos Mutuários e Moradores das Regiões Sul e Sudeste do país (AMMRS), concorda que a queda no juro e a ampliação do limite animam consumidores e irrigam o mercado.
— O cliente precisa estar ciente de que se pagar à vista apenas 10% do imóvel, em vez de 20%, sua parcela mensal irá subir. E, como são contratos de até 35 anos, é preciso prever o peso no orçamento — afirma Machado.
Como a economia ainda cresce em ritmo muito lento e os sintomas da crise — como o aperto na renda e o alto desemprego — permanecem, comprometer-se com um financiamento longo deve ser uma decisão muito bem pensada, diz Machado.
— É verdade que os juros estão bem baixos, o que torna os negócios mais interessantes. O consumidor precisa é se cercar de cuidado para saber que vai conseguir pagar a prestação, caso contrário corre o risco de ter o imóvel retomado pelo banco após três meses de inadimplência — afirma.
O juro e a cobertura do financiamento de imóveis nos principais bancos
Itaú-Unibanco
Taxa mínima de juro para as linhas de crédito imobiliário a partir de 7,45% ao ano + Taxa Referencial (TR), variando de acordo com o perfil do cliente e do imóvel.
Percentual de financiamento: até 82% do valor do bem.
Tempo máximo de parcelamento: 360 meses.
Banco do Brasil
Taxas a partir de 3,45% ao ano + IPCA ou 7,20% ao ano + TR, recentemente revisadas após as últimas quedas da Selic.
O banco financia até 80% do valor de avaliação de imóveis residenciais e comerciais nas linhas do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e da Carteira Hipotecária.
Bradesco
As taxas têm como banda mínima TR + 7,30 % ao ano.
O limite de financiamento é de 80%.
Pagamento em até 360 meses.
Santander
Taxa mínima de juros pode chegar a 7,99% ao ano + TR.
Passou a financiar até 90% do valor de imóveis residenciais na modalidade de parcelas atualizáveis (Sistema de Amortização Constante, o SAC).
Os financiamentos são parceláveis em até 420 meses.
Banrisul
No SFH, com imóvel com valor de avaliação de até R$ 1,5 milhão, a taxa de juro é a partir de 7,46% ao ano + TR.
O percentual de financiamento é de até 80% do valor do imóvel, de acordo com a modalidade do financiamento.
Caixa Econômica Federal
Taxa mínima de 6,5% ao ano + TR, ou de 2,95% + IPCA.
O percentual de financiamento pode ser até 80%, podendo chegar a 90% quando se tratar de unidade vinculada a empreendimento financiado pelo banco.
Prazo de pagamento de até 360 meses.
Planeje a compra de seu imóvel
Quem pretende comprar por financiamento deve ter uma reserva (entre seis e 12 meses de salário) para esse tipo de operação financeira, para evitar que um eventual aperto nas contas leve à inadimplência.
Imprevistos como doença, queda de renda ou desemprego devem ser levados em conta, ainda mais em um período de economia ainda em recuperação como o atual.
Compare as taxas de diferentes bancos e não se deixe levar apenas pela sugestão da imobiliária.
Evite assumir uma prestação que seja superior a 20% da renda familiar mensal.
Tome cuidados ao assumir a parcela, pois quem não paga corre o risco até da perda do imóvel: a chamada retomada por parte da instituição financeira.
Atenção à compra de imóvel na planta: a nova Lei do Distrato “pune” o mutuário que desiste do negócio, retendo até 50% do valor pago.
Reúna a família e converse sobre o tema. Um ponto a ser levado em conta é o custo de vida da região onde se deseja morar, que pode ser mais alto do que o atual.