Câncer: saiba quais os oito mitos em torno da doença que mais mata no país

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  • Publicado em 4 de maio de 2018 às 18:06
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:43
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Brasil deve registrar cerca de 600 mil novos casos de câncer, sendo 3 em cada 10 podendo ser evitados

Para
muitas pessoas, falar sobre câncer é sempre uma questão delicada. Segundo o
Instituto Nacional de Câncer (Inca), a incidência da doença no Brasil em 2018
deve ficar em torno de 600 mil novos casos, sendo que a estimativa indica que
três em cada 10 tumores diagnosticados estão relacionados a hábitos evitáveis
como tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo, obesidade e exposição
excessiva ao sol. Por isso, a melhor forma de reduzir os índices do câncer no
país é garantir o acesso a informações qualificadas à população em geral. Ainda
existem, contudo, muitas dúvidas relacionadas à doença que em boa parte têm
suas respostas baseadas em dados que não possuem comprovação científica e nem
tampouco refletem a realidade.

Para
esclarecer alguns mitos sobre o tema, especialistas do Grupo Oncoclínicas dão
suas opiniões sobre assuntos recorrentes nos consultórios e mídias sociais.

1- Mito: Todo câncer é igual

Na
realidade, existem centenas de tipos de cânceres. E cada tipo de tumor evolui
de forma diferente, assim como os métodos de tratamento podem variar de acordo
com cada caso e as respostas às terapêuticas da mesma forma dependerão do
comportamento do organismo do paciente. “Cada câncer tem uma única
assinatura molecular com manifestações clínicas e prognóstico variáveis. Por
isso, é inviável generalizar, pois cada paciente tem um caso específico”,
conta a Dra. Ana Paula Giuliani, oncologista da Oncoclínica Porto Alegre –
unidade do Grupo Oncoclínicas no Rio Grande do Sul.

A
especialista alerta ainda para o diagnóstico precoce como fator essencial para
o sucesso no tratamento de todos casos de câncer, independente do tipo.
“Não podemos indicar de forma genérica um ou outro medicamento que poderá
ser eficaz para toda a gama de tumores malignos que existem, mas há um conselho
que vale para a população em geral: busque sempre aconselhamento médico
especializado caso note qualquer alteração à sua saúde. Quanto mais cedo
identificado o problema, maiores as chances de cura”, ressalta.

2- Mito: O câncer é hereditário. Você terá câncer apenas
se existir em sua família

Grande
parte da população acredita que casos de câncer na família aumentam as chances
dos indivíduos desenvolverem a doença. E que quanto mais próximo o grau de
parentesco, maiores os riscos de cedo ou tarde ser surpreendido com um tumor
maligno. Porém, tais medos são infundados. Estudos internacionais apontam que
apenas entre 5% a 10% dos casos de câncer são decorrentes da combinação
genética familiar.

“É
errado dizer que o câncer é uma doença hereditária, mas não é errado dizer que
é uma doença genética. Nos acostumamos a relacionar a genética como algo
hereditário e é aí que está o problema. Quando falamos em genética é porque
existem alterações no DNA da célula tumoral. E essas alterações podem ser
herdadas ou não dos pais. Mas é fato que se há um grande número de pessoas na
família com o mesmo tipo de tumor e acometidos em idade mais jovem (abaixo dos
50 anos), pode ser um sinal de atenção e um oncogeneticista deveria ser
procurado”, contextualiza o Dr. Raphael Parmigiani, biomédico especialista
em genética e sócio-fundador do IdenGene – Grupo Oncoclínicas, laboratório de
análises especializado em testes genéticos para ajudar no tratamento e
prevenção do câncer.

3- Mito: Os pacientes com pele mais escura não podem ter
câncer de pele e não precisam usar protetor solar

O
câncer da pele responde por 33% de todos os diagnósticos desta doença no Brasil
– são cerca de 180 mil novos casos a cada ano, segundo o Instituto Nacional do
Câncer (INCA) registra, a cada ano, cerca de 180 mil novos casos. Em 90% dos
casos, o fator de risco é a exposição excessiva e sem proteção ao sol.
“Pessoas de pele clara, cabelos claros e sardas são mais propensas a
desenvolver o câncer de pele, mas isso não significa que quem não se encaixa
nesse padrão de características físicas está livre dos riscos de desenvolver
esse tipo de tumor. Quanto mais tempo de exposição da pele ao sol, mais
envelhecida ela fica, aumentando também a possibilidade de surgimento do câncer
de pele não melanoma”, destaca o Dr. Frederico Arthur Pereira Nunes,
oncologista da Oncoclínica Centro de Tratamento Oncológico – Grupo
Oncoclínicas.

4 – Mito: A quimioterapia é a mesma para todos os
cânceres

Existe
uma ampla variedade de medicamentos quimioterápicos e de combinação entre elas,
com perfil de tolerância e toxicidade variável. Isso significa que nem toda
quimioterapia é igual, sendo a definição sobre a droga feita de acordo com suas
indicações para cada tipo de tumor e necessidades específicas de tratamento
para o caso específico do paciente.

Quimioterapia
é um nome genérico dado ao conjunto dos medicamentos que agem contra o câncer.
Dentro dessa classificação existem diversos tipos de drogas que atuam de
maneira diferente. Por isso, a escolha do tratamento depende do tipo da doença,
suas mutações, pontos fracos, tamanho do tumor e o estado geral do paciente.
Além disso, é preciso ressaltar que durante todo o processo contra o câncer
podemos utilizar diversas opções terapêuticas como: cirurgia, radioterapia,
medicamentos orais e intravenosos que são conhecido como quimioterapia, a
ciência tem avançado na descoberta de novas frentes, como a imunoterapia, por
exemplo”, destaca o Dr. Felipe Ades, oncologista do Centro Paulista de
Oncologia (CPO) – Grupo Oncoclínicas.

5 – Mito: Não há nada que você possa fazer para reduzir o
risco de desenvolver câncer

Estimativas
da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 80% dos casos de surgimento
de tumores malignos estão relacionados ao nosso modo de vida, sendo o
sedentarismo um dos principais protagonistas destas estatísticas. De acordo com
a Dra. Ana Carolina Guimarães, oncologista do Oncocentro – unidade do Grupo
Oncoclínicas em Minas Gerais, outro dado que reforça essa percepção vem de uma
pesquisa realizada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), que aponta que a
prática frequente de atividade física pode reduzir o risco de desenvolvimento
de 26 tipos de câncer, entre eles o de mama, neoplasia que mais atinge a
população feminina no Brasil.

“Para
manter seu risco baixo, o certo é manter um peso saudável, fazer exercícios
regularmente e limitar a quantidade de álcool ingerida. Vale lembrar ainda que
o incentivo à prática constante de atividades físicas e ingestão de alimentos
saudáveis surgem não apenas como iniciativas essenciais para frear os índices
aumentados de risco de desenvolver a tumores malignos como também forma de
potencializar o processo de tratamento”, diz.

6 – Mito: Quimioterapia significa que você vai perder o
cabelo

Assim
como existem variados tipos de câncer, também os efeitos dos diferentes tipo de
medicamentos quimioterápicos podem variar de acordo com sua composição e
resposta do paciente. Entre os efeitos colaterais de algumas quimioterapias,
pode acontecer a queda dos fios de cabelo, que pode ainda variar de intensidade
de acordo com cada caso.

“As
células do câncer se multiplicam e crescem mais rápido que as células normais
do corpo. Sabendo disso, os remédios foram desenvolvidos para atacar as células
que se multiplicam mais rápido, assim reduzindo os tumores e aumentando a
chance de cura em casos em que há indicação cirúrgica. O problema disso é que
existem células normais do corpo que também se multiplicam rapidamente, como as
células responsáveis por fazer crescer o cabelo. Por isso, dependendo do
remédio que se use, pode ocorrer a queda do cabelo depois de alguns dias do
tratamento. Normalmente os cabelos voltam a crescer algumas semanas depois do
tratamento terminar”, comenta a Dra. Clarissa Mathias, oncologista do
Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB) – Grupo Oncoclínicas.

Como
alternativa para prevenção à perda dos fios durante o tratamento
quimioterápico, há a opção de utilização de aparelhos que causam o resfriamento
do couro cabeludo durante a administração da quimioterapia. “O frio faz
com que os vasos sanguíneos se contraiam, assim menos sangue passa por partes
do corpo que estão geladas. A ideia por trás dessa estratégia é fazer com que
menos quimioterapia circule pela pele do couro cabeludo, reduzindo assim o
efeito de queda de cabelo”, explica.

7- Mito: Homens não desenvolvem câncer de mama

Assim
como as mulheres, homens também apresentam glândulas mamárias e, portanto,
apesar da baixa incidência, o câncer de mama pode se manifestar em homens.
Apesar da baixa incidência – em cerca de 100 casos da doença, apenas um ocorre
no sexo masculino – estima-se que os Estados Unidos registram cerca de 1900
casos ao ano e, na maioria das vezes, o diagnóstico é tardio.

“O
diagnóstico precoce ainda é uma das principais ferramentas de sucesso para o
tratamento do câncer, por isso a informação é essencial neste processo. Para
detectar qualquer tipo de problema, é preciso que o homem realize o autoexame
com frequência, principalmente depois dos 50 anos, faixa etária em que ocorrem
mais casos do câncer de mama masculino . E claro, caso haja qualquer mudança
suspeita na região mamária, é preciso deixar de lado qualquer tipo de
preconceito e procurar a ajuda de um especialista”, explica o Dr. Daniel
Gimenes, oncologista do CPO – Grupo Oncoclínicas, em São Paulo.

8 – Mito: Fé é para pessoas fracas e apenas uma fuga para
os pacientes com câncer

Na
verdade, os pacientes com câncer que possuem fortes crenças religiosas têm
melhores resultados, segundo um estudo publicado em 2017 no Cancer, um dos mais
importantes jornais médicos do mundo. Uma outra análise, liderada pela
Universidade de Duke, nos Estados Unidos, comprovou que pacientes que se valem
de práticas religiosas apresentam 40% menos chances de sofrerem depressão
durante o tratamento não apenas do câncer, mas das doenças em geral.

“Não
há provas científicas de que a fé representa um reforço para o sistema
imunológico, mas inúmeros estudos sugerem uma ligação entre religião e
espiritualidade com a melhor saúde física relatada entre os pacientes com
câncer. Elas funcionam como um incentivo extra para a autoestima dos pacientes
e ajudam a proporcionar conforto diante do medo”, finaliza a Dra. Clarissa
Mathias, do NOB – Grupo Oncoclínicas.