Câncer infantil: atenção aos sintomas pode salvar a vida de uma criança

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 25 de novembro de 2019 às 01:25
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:03
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Cerca de 12 mil novos casos de câncer infantil são diagnosticados por ano no Brasil, 80% podem ser curados

A cada ano, cerca de 12 mil novos casos de câncer infantil são diagnosticados no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). A maioria envolve crianças de quatro a cinco anos de idade. 

Apesar de ser uma doença grave, com o avanço da medicina, cerca de 80% das crianças e adolescentes acometidos da doença podem ser curados, se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados. 

De acordo com a coordenadora de oncologia e hematologia do Hospital da Criança José de Alencar de Brasília (DF), Isis Magalhães, o diagnóstico precoce já é importante quando se trata de um adulto, mas é crucial na luta contra a doença quando o paciente é uma criança. “A nossa principal ação médica é diagnosticar precocemente. Para isso, a gente depende do médico pediatra geral que vai estar com a criança regularmente. Também nós dependemos da conscientização desses médicos de entrar no diagnóstico diferencial. De investigar a possibilidade de câncer”, alerta.

O diagnóstico precoce foi essencial na vida da Beatriz Machado, hoje com quatro anos de idade. Quando ainda era bebê, a avó da menina percebeu um inchaço na barriga que a mãe pensava que eram gases. 

Não eram. Beatriz tinha um tumor no rim que foi diagnosticado graças à insistência da avó em investigar aquele sintoma. “Os médicos diziam têm tantos por cento de chance de cura. Então eu disse que íamos nos apegar a esse número de porcentagem de chance de cura”, contou a mãe, Vanuza Machado. 

O tratamento foi iniciado imediatamente no Hospital da Criança. Depois da quimioterapia, cirurgia e radioterapia, ela ficou livre do tumor e agora está na fase de acompanhamento a cada quatro meses.

A alta só vem cinco anos após a eliminação do câncer. Este é o tempo considerado pelos médicos de possível retorno do tumor. Antes disso, os profissionais de saúde não liberam o paciente. Após os cinco anos, as chances de reincidência são mínimas, quase inexistentes.

Alerta aos sintomas

Investigar sintomas é o que tem feito os médicos que acompanham o pequeno Thalisson Costa, de quatro anos. Desde os sete meses de idade, as plaquetas de sangue dele apresentam problemas. 

Ele ainda não recebeu diagnóstico positivo ou negativo de câncer. Porém, a mãe Ana Maria de Brito não descansa na busca por respostas. “É consulta atrás de consulta e exame atrás de exame, porque sei que precisamos descobrir o que ele tem”. Ela teme o câncer mais do que qualquer doença. Mas sabe que, caso este seja o problema de saúde do filho, o tratamento vai começar imediatamente após a conclusão dos resultados.

Para ajudar os pais e responsáveis, o Inca lançou no último dia 23 de novembro, Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil, uma cartilha com os sintomas mais comuns no caso de tumores em crianças. 

Sintomas que, caso persistam, precisam ser investigados por profissionais de saúde o mais breve possível. São eles: Palidez, hematomas ou sangramento, dor óssea; caroços ou inchaços, principalmente aqueles indolores e sem febre; perda de peso inexplicada, tosse persistente, sudorese noturna e falta de ar; alterações nos olhos, como estrabismo; inchaço abdominal; dores de cabeça persistentes ou graves, vômitos pela manhã com piora ao longo do dia; dor em membros e inchaço sem traumas.

Contudo, o mais importante recado aos pais é este: mudanças no comportamento dos filhos. Por isso, a oncologista do Hospital da Criança, Isis Magalhães, indica que os profissionais de saúde ouçam as mães, as cuidadoras, que estão a maior parte do tempo com as crianças e reparam qualquer sinal de mudanças na saúde delas.


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