Câncer de ovário tem sintomas discretos e pode evoluir rapidamente

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  • Publicado em 11 de novembro de 2017 às 14:05
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:31
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Segundo o INCA, cerca de 5 mil novos casos são registrados por ano no Brasil, sendo ¾ em estágios avançados

Pouco
se ouve falar sobre câncer de ovário, mas atualmente é considerado o tumor
ginecológico mais difícil de ser diagnosticado e também combatido, já que é
assintomático. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), são
registrados no Brasil aproximadamente cinco mil novos casos por ano, sendo que
¾ são diagnosticados em estágios avançados.

De
acordo com Daniel Gimenes, oncologista do Centro Paulista de Oncologia
(CPO) – Grupo Oncoclínicas, o câncer de ovário possui maior incidência em
mulheres acima dos 50 anos, sendo na grande maioria dos casos não é possível
identificar previamente fatores de risco que justifiquem o aparecimento da
condição. “Um dos fatores que torna esse tipo de câncer tão agressivo é o
fato de se iniciar a partir de mutações genéticas não hereditárias que, por sua
vez, alteram as características das células e apresentam alta capacidade de se
multiplicarem rapidamente, fazendo com que a doença atinja um estágio avançado
rapidamente quando não tratado”, explica .

Entre
os fatores que possivelmente contribuem para o aparecimento da doença alguns
estudos sugerem que o número excessivo de ovulações pode levar ao surgimento de
tumores, sendo possível adotar como método preventivo o uso de pílula
anticoncepcional. “Esses levantamentos concluíram que o uso contínuo da
medicação por cinco anos pode diminuir em até 60% a incidência deste de câncer
de ovário”, diz Daniel.

O
especialista ainda ressalta que apenas 10% dos tumores ovarianos são
decorrentes da predisposição genética hereditára – causados por uma mutação em
certos genes, herdada de pai ou mãe, que pode aumentar o risco de surgimento do
tumor. “Nestes casos, é possível realizar exames específicos de análise
genética em mulheres cujo histórico familiar deste tipo de câncer sugira a
possibilidade de hereditariedade como fator causador da condição – em especial
quando avó e mãe apresentaram tumores de ovário. Nestas situações, diante de
uma comprovação da suspeita, é possível indicar medidas como a cirurgia
preventiva de retirada dos ovários, mas, ainda assim, esta é uma decisão que
deve ser tomada de forma conjunta por paciente e médico”, pontua o
oncologista do CPO.

Fique atento aos possíveis sinais e aos tratamentos

O
sintoma do câncer de ovário é discreto e demora a se manifestar. Por isso, na
maioria dos casos, é diagnosticado tardiamente, quando a doença já se espalhou
pelo aparelho reprodutor, dificultando o tratamento. Quando aparentes, pode
ocorrer um aumento do volume abdominal, aumento na vontade de urinar,
alterações no ciclo menstrual, dor durante a relação sexual, entre outros.

Mesmo
sendo o câncer ginecológico com maior índice de óbito no mundo, se
diagnosticado precocemente, existem altas chances de cura. Exames como palpação
abdominal, toque vaginal e ultrassom são muito recomendados para detectar a
doença e tentar reverter, assim, este cenário.

“O
problema é que os sintomas, quando aparentes, são parecidos com os desconfortos
do dia a dia da mulher e, na maioria dos casos, são deixados de lado. Por isso,
é recomendado que a mulher procure um especialista caso perceba qualquer
alteração, mesmo que pareça usual. Além disso, é aconselhável realizar os
exames ginecológicos anualmente”, afirma o médico.

A
definição do tratamento para pacientes com câncer de ovário depende do tipo e
estágio da doença. Entre os fatores analisados estão ainda a idade e desejo de
ter filhos da paciente. “A orientação depende de uma avaliação do
histórico da mulher e suas condições de saúde como um todo. Em linhas gerais, a
cirurgia ainda é o principal tratamento, podendo significar a retirada
bilateral ou unilateral do órgão – quando há a possibilidade de preservação de
um ovário e uma trompa de Falópio. A quimioterapia pode ser indicada, dependendo
do caso, antes ou após a intervenção cirúrgica”, destaca Daniel.
“A busca por gestações após câncer de ovário deve ser discutida com o
médico, já que dependerá de uma abordagem personalizada do caso”,
finaliza.


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