Camarote que desabou em Franca estava em mau estado de conservação

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  • Publicado em 22 de janeiro de 2020 às 14:44
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:17
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Pericia verificou ainda que estrutura foi instalada de forma incorreta, ocasionando a queda

Estrutura do camarote estava completamente enferrujada, aponta laudo (Foto: Polícia Civil/Reprodução)

Saiu o laudo do Instituto de Criminalística (IC) sobre o que causou o desabamento do camarote durante o último show da dupla Jorge & Mateus e Dennis DJ, em Franca, na madrugada do dia 21 de dezembro.

O estudo aponta que mau estado de conservação da estrutura e instalação incorreta dela.

O documento foi divulgado pela Polícia Civil nesta quarta-feira, 22, destacando que os organizadores do evento e os responsáveis pela empresa que montou o camarote devem responder pelos crimes de lesão corporal culposa e perigo de vida ou saúde de outrem.

Um dos organizadores do evento, o empresário Marcelo Rossato afirmou que entrará em contato com a empresa responsável pelo camarote, mas enfatiza que a estrutura foi vistoriada e aprovada pelo Corpo de Bombeiros antes do evento.

Foto mostra que estrutura estava presa com pregos, de forma inadequada (Foto: Polícia Civil/Reprodução)

Segundo o delegado Márcio Murari, o exame pericial comprovou que a oxidação da estrutura de ferro do camarote – e não a superlotação do local – provocou a queda do mesmo no recinto montado no Distrito Industrial de Franca.

“O material utilizado para fixar esse camarote não estava em acordo com as determinações legais. Isso foi a principal motivação: o material já em estágio que não poderia ser mais utilizado. Se tivesse um material adequado, a lotação não teria causado o desabamento”, disse.

Os peritos constataram que um pino de travamento “sofreu ruptura” devido ao estado de conservação inadequada. Além disso, ficou comprovado que houve desnivelamento em razão da má fixação, por causa do solo encharcado pelas chuvas na época do evento. “Foi constatado que a estrutura estava com problemas como oxidação, ou seja, ferrugem. Em determinados pontos percebe-se claramente através das fotografias emitidas constantes nos laudos periciais, e também não houve uma compactação do solo”, completou Murari.

Estrutura desabou na madrugada do dia 21 de dezembro de 2019 (Foto: Reprodução)

Segundo ainda o laudo emitido, o piso do camarote cedeu próximo ao bar, abrindo um vão de 7,5 metros por 6,9 metros – área aproximada de 51 metros quadrados. Os peritos também constataram que parte da estrutura foi fixada incorretamente com arames, e não com parafusos.

22 pessoas ficaram feridas com a queda do camarote; oito são adolescentes (Foto: Reprodução)

O caso está sob a responsabilidade da Delegacia de Investigações Gerais (DIG). O delegado disse que continua registrando o depoimento das vítimas, dos policiais militares e dos bombeiros que auxiliaram no socorro, logo após o desabamento.

Mas, independente disso, foi assinado no último dia 14 de janeiro, um acordo que prevê multa de R$ 58 mil aos organizadores do evento.

Segundo o Ministério Público, o pagamento foi estabelecido como compensação ao fato de a organização não ter barrado a entrada de menores no camarote, onde havia livre consumo de bebidas alcoólicas.

De acordo com o promotor de Justiça Anderson de Castro Ogrizio, oito adolescentes de feriram na queda do camarote – no total, 22 pessoas ficaram feridas.

Por conta disso, R$ 48 mil são referentes ao descumprimento de um termo firmado em dezembro, em que os empresários se comprometiam a providenciar os documentos necessários à realização da festa e barrar a entrada de menores nos setores open bar.

Os R$ 10 mil restantes correspondem a uma indenização por danos morais coletivos. O valor total será pago em oito parcelas e será destinado ao Fundo Municipal do Conselho Municipal dos Direitos da Infância e Juventude.

O cumprimento do acordo não exclui eventuais ações que venham a ser ajuizadas individualmente pelas vítimas.

*Com informações do G1


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