Café: país está terminando a colheita com resultado abaixo do esperado

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 19 de setembro de 2017 às 11:51
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:21
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Previsões dos institutos de meteorologia falam em pelo menos mais dez dias sem mudanças

​Estamos ainda no final da estação de inverno e o tempo seco e quente em Rondônia e em todas as principais regiões produtoras de café do sudeste brasileiro, com temperaturas médias altas para essa época do ano, aumentam a cada dia a preocupação de cafeicultores e operadores de mercado com o volume e qualidade da próxima safra brasileira de café. 

As previsões dos institutos de meteorologia falam em pelo menos mais dez dias sem mudanças climáticas, com possibilidade de precipitações fracas e pontuais a partir dos últimos dias do mês de setembro, mas sem regularização do regime de chuvas. 

Foto: Alexia Santi/Agência Ophelia

Nos últimos meses vários operadores já falavam em uma safra de café recorde em 2018. Em nossa opinião essa possibilidade, que era remota, está afastada, como também afirmou em entrevista à Thomson Reuters, o presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Paulino da Costa, que lidera mais de 13 mil cooperados no Sul de Minas, Zona da Mata e Cerrado Mineiro, no centro da maior e mais importante região produtora de café arábica do Brasil. 

O Brasil está terminando a colheita de sua safra 2017, de ciclo baixo, com resultado abaixo do inicialmente projetado pelo mercado, além de um volume de frutos brocados muito acima do número inicialmente previsto pelos agrônomos. Com a proibição do endosulfan, nossos técnicos já contavam com aumento na incidência de broca nas lavouras, mas o resultado surpreendeu e foi ainda pior que o esperado. 

Como é amplamente conhecido pelo mercado, o Brasil, maior produtor e exportador de café do mundo, além de segundo maior consumidor, está, pela primeira vez, com seus estoques governamentais zerados, e a esta altura do novo ano safra, com estoques remanescentes insignificantes em mãos da iniciativa privada. 

Temos na prática apenas a atual safra 2017 para atender os compromissos de exportação e consumo interno. Muitos operadores contavam com uma produção recorde em 2018 para dar certo alívio aos compradores. Começam agora a rever suas projeções e análises. 

Com o quadro descrito acima, os contratos de café na ICE em Nova Iorque trabalharam em forte alta esta semana e os com vencimento em dezembro próximo acumularam alta de 1075 pontos no período. No mercado físico brasileiro os preços subiram bem menos. 

Os compradores repassaram pouco dessa alta para suas ofertas e os produtores, assustados com a seca e o calor e já receosos em vender devido à colheita menor do que a esperada, continuaram retraídos, longe do mercado. Vendem apenas o necessário pra cumprir seus compromissos mais próximos. 

Em nossa opinião os preços praticados estão realmente baixos, não refletindo a delicada situação dos estoques e produção brasileira. Os acidentes climáticos se sucedem em todo o mundo e nada indica que teremos normalidade climática nas regiões produtoras de café tanto no Brasil como nos demais produtores. 

A “Green Coffee Association” divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 7.266.027 em 31 de agosto de 2017. Uma baixa de 147.285 sacas em relação às 7.413.312 sacas existentes em 30 de julho de 2017. 

Até dia 14, os embarques de setembro estavam em 528.203 sacas de café arábica, 9.599 sacas de café conilon, mais 52.669 sacas de café solúvel, totalizando 590.471 sacas embarcadas, contra 430.738 sacas no mesmo dia de agosto. 

Até o mesmo dia 14, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em setembro totalizavam 959.879 sacas, contra 823.731 sacas no mesmo dia do mês anterior. 

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 8, sexta-feira, até o fechamento da sexta-feira 15, subiu nos contratos para entrega em dezembro próximo 1.075 pontos ou US$ 14,22 (R$ 44,34) por saca. 

Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam no dia 8 a R$ 534,37 por saca, e dia 15, a R$ 583,20 por saca. Na última sexta-feira, nos contratos para entrega em dezembro a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 375 pontos. 

(Boletim Carvalhaes, publicado em www.cafepoint.com.br


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