Bruxismo é cada vez mais frequente entre as crianças e problema pode evoluir

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  • Publicado em 1 de fevereiro de 2018 às 13:09
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:33
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Consequências do bruxismo na infância incluem até alterações no crescimento craniofacial da criança

Às vezes, parece que a criança está comendo pedrinhas por causa do barulho do atrito de um dente com o outro. Faz isso principalmente enquanto está dormindo, mas pode acontecer enquanto está acordada. Cada vez mais frequente na vida dos adultos e das crianças, provavelmente pela agitação e estresse da vida moderna, o bruxismo é o ato de ranger ou apertar os dentes enquanto dorme. Pode ocorrer de dia – bruxismo cêntrico, ou à noite, de forma consciente ou inconsciente, que é o bruxismo noturno, sendo este definido como distúrbio do sono. “O bruxismo envolve movimentos rítmicos semelhantes ao da mastigação e longos períodos de contração dos músculos mandibulares. Esse esforço torna-se tão intenso durante o sono que acaba produzindo cansaço e dor muscular”, explica a cirurgiã dentista Adriana Faleiros Ribeiro Donha.

Ela explica que o bruxismo pode se manifestar em qualquer idade, após a chegada dos “dentes de leite”, tendo maior prevalência na dentição mista, quando acontece a troca dos “dentes de leite” pelos permanentes. Entre os fatores que desencadeiam o problema, estão os locais (dentais): interferências ao encostar os dentes de cima e de baixo, erupção atípica dos “dentes de leite” ou permanentes, má oclusão, disfunção e sobrecarga dos músculos mastigatórios e ATM – Articulação Temporomandibular; sistêmicos: crianças alérgicas, com asma, infecções respiratórias, deficiências nutricionais, parasitas gastrointestinais; ocupacionais: esportes de competição e estresse físico; psicológicos: fatores que possam causar momentos de estresse e ansiedade, como a troca de escola, chegada de um irmãozinho, depressão, medo ou outros; alimentares: crianças que não mastigam alimentos consistentes e não usam a sua função mastigatória podem suprir esta necessidade através do bruxismo; e hereditários. “Todos estes fatores poderão aparecer isolados ou combinados”, observa Adriana.

Quando se preocupar?

A criança com bruxismo se queixa de dores de cabeça, de ouvido e na face, apresentando irritabilidade e sono agitado. Também recusa alimentação consistente e que exija esforço mastigatório, preferindo alimentação pastosa e líquida. “Os dentinhos ficam desgastados e moles, e a criança morde com frequência as bochechas”, diz a dentista.

As consequências do bruxismo na infância preocupam. Podem ir desde alterações no crescimento craniofacial da criança; alterações no processo de erupção dos dentes; danos aos dentes como desgastes do esmalte e aos tecidos de suporte; até danos aos músculos da mastigação, danos a ATM, podendo evoluir para DTM – Disfunção Temporomandibular, e dores de cabeça, ouvido e dores orofaciais. “Quando a frequência, intensidade e duração deste hábito afetar o desenvolvimento normal da definição e a qualidade de vida da criança, depois de uma avaliação detalhada, o tratamento é indicado, variando de acordo com a causa, os sinais e os sintomas apresentados”, esclarece Adriana.

Mas as opções de tratamento envolvem desde ação neurorelaxante atuando nos dentes e musculatura para diminuir a força da contração muscular, impedindo o excessivo desgaste dos dentes e quando necessário corrigir a má oclusão. “É necessário, em alguns casos, o uso de medicamentos, tratamento local dos músculos afetados, orientações aos pais para mudança de comportamentos que desencadeiam e agravam o problema. O bruxismo, algumas vezes, requer tratamento multidisciplinar com dentista, médico, fisioterapeuta e psicólogo”, diz Adriana.

NO FOCO

Adriana Faleiros Ribeiro Donha, cirurgiã dentista

CROSP: 71839

Telefone (16) 3721-2712