Brasil é o terceiro país com cidadãos em situação ilegal nos Estados Unidos

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  • Publicado em 6 de julho de 2017 às 15:08
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:15
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Fraude para obtenção de visto, além de resultar em cadeia, afeta toda a comunidade brasileira

Visitar
os Estados Unidos sempre foi um sonho para muitas pessoas, e boa parte não mede
esforços para concretizar esse desejo. De acordo com o órgão de promoção
turística do pais, o Visit Flórida, em 2015 os brasileiros ocuparam o terceiro
lugar em números de visitantes, atrás apenas do Canadá e do Reino Unido.

Mas
o amor incondicional pela América do Norte também concede ao Brasil a medalha
de bronze quando o assunto é overstay, ou seja, a permanência no país além do
tempo permitido conforme o visto solicitado. Outro dado também preocupante:
muitos brasileiros estão sendo presos em aeroportos dos Estados Unidos ou
impedidos de entrar. O número mais recente de recusa pelos agentes de imigração
é de 2014, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo. Os relatórios daquele
ano apontam que 873 brasileiros não puderam entrar.

De
acordo com o advogado especializado em direito de imigração, Daniel Toledo,
diretor da Loyalty Consultoria, a prisão ocorre porque parte desses turistas
preenchem o DS-160, que é um formulário para solicitar o visto, de forma
irregular, com uma intenção diferente da pretendida. “Essa conduta é denominada
de delito imigratório. Infelizmente, há muitos se colocando nessa armadilha e
não fazem ideia do tamanho do problema ou da dor de cabeça que esse deslize
possa causar”, alerta.

As
pessoas declaram que irão visitar a Disney, mas na verdade, ficam além do tempo
permitido e não se preocupam com esse detalhe, tão pouco com o status do visto
solicitado. “ O pesadelo começa quando ocorre o confronto de informações logo
após o desembarque. Em caso de suspeita, os agentes revistam as malas e se
encontram evidências como documento da empresa, currículo, certidão de
nascimento ou casamento que comprovam a ideia de morar ou trabalhar no país,
fica caracterizado que houve fraude na obtenção do visto”, aponta Daniel.

Outro
quesito que as pessoas mentem é em relação a vistos negados anteriormente,
lugares em que ficarão hospedadas, ou uma admissão negada dentro dos EUA.
“Omitem sobre uma série de informações como problema com drogas ou se já foi
preso por algum outro motivo, mas o departamento de Segurança Interna dos
Estados Unidos, comumente denominado de Homeland Security, pode checar
facilmente o passado de qualquer solicitante, entrando em contato com o
consulado ou verificando as redes socais, e-mail, whats app. A partir daí,
inicia-se uma série exaustiva de interrogatórios”, destaca o especialista em
direito de imigração.

O
advogado alerta que esse comportamento infelizmente afeta toda a comunidade brasileira,
porque vai colaborar para um aumento no índice de vistos negados. “Muitos estão
enfrentando sérios problemas por obter vantagem ilícita, o que está previsto no
código penal. Todos esses fatos apontam que, em breve, teremos uma novidade
negativa para os brasileiros”, revela Daniel.

O que fazer se for barrado

O
advogado explica que os vistos não são garantias de entrada, mas sim retratam
apenas uma expectativa positiva para a solicitação. “ Quem vai liberar ou
impedir o ingresso são as autoridades migratórias”, aponta Daniel.

De
acordo com o Ministério das Relações Exteriores, caso o visitante seja barrado,
a primeira providência é entrar em contato com o Consulado do Brasil e
comunicar o ocorrido. A partir daí o órgão passa a ser responsável por garantir
um tratamento digno, como alimentação, água e ao uso do banheiro. É uma
assistência bastante mínima, mas isso pode transformar a experiência menos
traumática.

Vale
lembrar que o consulado nada poderá fazer para reverter a decisão da negativa
de entrada nos países, que são soberanos para decidir se a pessoa entra ou não
em seus territórios. “ Se algo inesperado ocorrer, o ideal é se manter calmo e
colaborar o máximo possível com as autoridades demonstrando estar disponível
para esclarecer todas as dúvidas”, finaliza Todelo.


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