Bebidas diet aumentam o risco de ataque cardíaco em mulheres, diz estudo

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 19 de fevereiro de 2019 às 15:58
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:23
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Apesar de serem uma opção para versões com alto teor de açúcar, elas podem causar problemas à saúde

Mulheres preocupadas
com a manutenção do peso costumam optar por bebidas diet
ou de baixa caloria para evitar os quilinhos indesejados. No entanto, pesquisadores
descobriram que, apesar de serem uma opção para versões com alto teor de
açúcar, elas podem trazer inúmeros problemas para a saúde
cardiovascular.

Estudo publicado na
revista Stroke mostrou que a ingestão diária de duas ou mais
bebidas adoçadas artificialmente está associada a maior probabilidade de
acidente vascular cerebral (AVC),
ataque cardíaco e morte precoce
em mulheres acima dos 50 anos.

Segundo a equipe, os
riscos são ainda mais significativos para mulheres sem histórico de doença
cardíaca ou diabetes, mulheres obesas ou afro-descentes.

Estudos anteriores já haviam relacionado bebidas dietéticas com outras doenças graves, como
demência, síndrome metabólica, obesidade, diabetes tipo 2 e até mesmo AVC. “Muitas pessoas bem-intencionadas, especialmente
aquelas com sobrepeso ou obesidade, escolhem bebidas diet para cortar calorias
da dieta. Mas nossas pesquisas e outros estudos mostram que elas podem não ser inofensivas
e o alto consumo aumenta riscos de saúde”, alertou Yasmin Mossavar-Rahmani,
principal autora da pesquisa, em comunicado.  

Este é o primeiro estudo a investigar a associação
entre bebidas adoçadas
artificialmente e o risco de tipos específicos de AVC em um grupo racial
diversificado e na pós-menopausa. Apesar disso, os pesquisadores ressaltam que
não foi possível determinar a causa-efeito uma vez que o trabalho foi
observacional baseado em informações fornecidas pelas próprias participantes. 

Riscos de saúde

De acordo com observações, a equipe descobriu que
mulheres na pós menopausa
(entre 50 e 79 anos) que consomem mais de 350 mililitros (ml) de bebida diet
por dia estão 23% mais propensas a ter um AVC e apresentam 31% maior risco de
AVC isquêmico. Além disso, elas têm 29% maior probabilidade de desenvolver
doenças cardíacas, como ataque cardíaco (não-fatal ou fatal) e estão 16% mais
propensas a morrer por qualquer causa.

Os pesquisadores ainda revelaram que mulheres com
determinadas características podem apresentar risco ainda mais alto. Para
mulheres obesas sem doença cardíaca
prévia ou diabetes, a probabilidade de sofrer um AVC provocado por coágulo
é duas vezes mais alto em comparação com mulheres que ingerem menos de uma
vez por semana ou não consomem nada. No caso de mulheres afro-descendentes
dentro deste mesmo quadro, o risco de AVC por coágulo é 3,93 vezes maior. Já
para mulheres em geral sem
doença cardíaca ou diabetes, a propensão a AVC causado pelo bloqueio de uma das
pequenas artérias localizadas dentro do cérebro é 2,44 maior em relação ao baixo
consumo. 

Esses resultados foram obtidos depois da observação
de 81.714 mulheres na pós-menopausa que participaram do Women’s Health Initiative, estudo que acompanha
a saúde das participantes por uma média de 11,9 anos. Para o novo estudo, as
voluntárias foram acompanhadas por três anos e relataram a frequência com que
consumiram bebidas dietéticas nos três meses anteriores à pesquisa. Os dados
finais foram obtidos depois de ajuste para outros fatores de risco para o AVC,
como idade, pressão alta e tabagismo. 

Pós-menopausa

Embora as descobertas sejam significativas, o estudo
foi baseado apenas em observações e, portanto, não é possível determinar, por
exemplo, quais adoçantes podem ser prejudiciais ou mesmo se as associações
encontradas é devido a adoçantes específicos, a um tipo de bebida em especial
ou se a algum problema de saúde que não foi considerado pelos
pesquisadores. 

Além disso, de acordo com especialistas,
mulheres na pós-menopausa apresentam maior risco de doença vascular uma vez que
não desfrutam dos efeitos protetores fornecidos pelos hormônios naturais, o que
contribui para a maior propensão a doenças cardíacas e AVC.

“Essa associação
também pode ter sido causada pelo fato de que as mulheres foram diagnosticadas
com aumento da pressão arterial ou de açúcar no sangue que ainda não haviam
sido declarados como hipertensão ou diabetes. Por causa disso, elas podem ter
buscado reduzir o peso e, consequentemente, passaram a consumir bebidas de
baixa caloria”, salientou Keri Peterson, do Calorie Control Council,
à CNN

Apesar de reconhecer o papel das bebidas diet ou de
baixa caloria na substituição de versões açucaradas, a Associação Americana do
Coração recomendou que qualquer pessoa que deseje consumir bebidas sem calorias
opte pela água natural. A entidade ainda destacou que outro motivo para limitar
o consumo de bebidas de baixa caloria é a falta de valor nutricional significativo.

Críticas

Enquanto isso, a indústria de bebidas diet rebateu o
estudo afirmando que as principais autoridades de saúde do mundo atestaram a
segurança dos adoçantes artificiais. “Em
março de 2017, o Governo do Reino Unido endossou publicamente o uso de adoçantes
de baixa caloria como uma alternativa segura para reduzir o açúcar em alimentos
e bebidas e ajudar as pessoas a administrarem o próprio peso”,
comentou Gavin Partington, da Associação Britânica de Refrigerantes,
ao Daily Mail

Outros especialistas ressaltaram que há evidências
de que os adoçantes são seguros para o consumo humano e ajudam a reduzir riscos
de saúde, como picos de açúcar no sangue, além de evitar problemas de saúde
bucal como a cárie.


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