Baixo volume de chuvas e calor deixam produtores de café em estado de alerta

  • Entre linhas
  • Publicado em 7 de fevereiro de 2019 às 22:19
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:22
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Na fase de granação, as chuvas são determinantes para o peso do fruto e o rendimento das plantações

O baixo volume de chuvas e as altas temperaturas registradas em grande parte das lavouras de café do país em janeiro colocaram os produtores e o mercado em alerta. Na fase de granação, que ocorre nos primeiros três meses do ano, as chuvas são determinantes para o peso do fruto e o rendimento das plantações.

“A falta de chuva é um fator de alerta. Mas ainda é cedo para saber se haverá perdas por causa disso na safra 2019/20”, diz Haroldo Bonfá, diretor da Pharos. Nos polos dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Bahia a precipitação média em janeiro atingiu 56 milímetros, 67,8% menor que no mesmo mês de 2018 (174 milímetros), segundo relatório da consultoria.

Conforme a mineira Cooxupé, maior cooperativa de cafeicultores do país, em janeiro, até segunda-feira, choveu 74,8 milímetros em Guaxupé, apenas 25% da média para o período, que é 290 milímetros. “É uma redução muito significativa. Até dezembro as chuvas foram boas, mas depois o volume piorou muito”, diz Eder Ribeiro dos Santos, engenheiro agrônomo da Cooxupé.

Nos últimos 29 dias até terça-feira, em 20 não houve chuvas superiores a 2 milímetros em Guaxupé. Santos compara o volume de chuvas de janeiro ao do mesmo mês de 2014. Naquele ano, a cidade ficou 26 dos primeiros 29 dias do mês sem chuvas acima de 2 milímetros. “Era um ano de bienalidade positiva e tivemos uma perda muito grande”.

Para Silas Brasileiro (foto: Ruy Baron/Valor), presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), ainda não há motivo para preocupações em relação à safra 2019/20. “O menor volume de produção estimado pela Conab, de 50 milhões de sacas, já leva em conta esse cenário”. afirma.

A perspectiva de uma safra farta no Brasil, ainda que em ano de bienalidade negativa da espécie arábica, e os estoques elevados após o recorde de produção brasileira em 2018/19 tem pressionado os preços do grão no mercado internacional.

Nesta semana, porém, informações sobre chuvas em Minas e no Espírito Santo no fim de semana pressionaram as cotações. Na avaliação do corretor Thiago Cazarini, da Cazarini Trading Company, as chuvas nas regiões produtoras mineiras acalmaram os ânimos na bolsa de Nova York, mas isso não significa que a produção está garantida.

De acordo com o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, a previsão é que volte a chover em todas as regiões produtoras de café já nos primeiros dias de fevereiro, o que dará condições para o desenvolvimento das lavouras. “Vamos acompanhar se a previsão vai se concretizar. Se chover menos que o normal, os preços vão se recuperar”, aposta Cazarini.

Outra questão que preocupa os produtores é a temperatura, maior do que a média histórica para este período do ano. Em Guaxupé, a média de janeiro foi 24,7ºC, ante a média histórica de 23,3ºC. “Isso se repetiu em todos os municípios monitorados pela Cooxupé. A temperatura elevada diminui o metabolismo da planta e o grão não enche”, diz Santos, agrônomo da cooperativa.

De acordo com ele, como até dezembro choveu bastante, as lavouras estão em bom estado. Se o clima continuar como está, entretanto, o produtor não conseguirá fazer a próxima adubação, que depende do tempo úmido. “Se tivermos mais 15 dias sem chuva, o prejuízo para a planta será maior”, afirma.


+ Agronegócios