Bactéria “do bem” em alimentos reduz níveis de glicose e colesterol

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 10 de fevereiro de 2018 às 12:30
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:34
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Estudo da Unicamp comprova melhorias no organismo com adição de probióticos a alguns alimentos

Uma pesquisa da Faculdade de
Engenharia dos Alimentos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)
comprovou que bactérias adicionadas em alimentos podem reduzir os níveis de
glicose e colesterol no organismo, além de trazer melhorias no funcionamento do
intestino. Os paraprobióticos são benéficos mesmo quando adicionados mortos aos
alimentos.

Pesquisadoras
do Laboratório de Microbiologia Quantitativa de Alimentos, orientadas pelo
professor Anderson Sant’Ana, tiveram sucesso misturando as bactérias “do bem”
em suco, pão, macarrão e requeijão.

Elas
funcionam de forma semelhante à dos lactobacilos vivos, usados em leites
fermentados. Mas, nesse estudo, foram submetidas a alguns processos que
comprovam resistência maior e efeito funcional por mais tempo nos alimentos.

A
pesquisadora Caroline Nunes de Almada explicou como foram utilizadas as bactérias:
“eu trabalhei com os paraprobióticos mortos porque eles podem ser adicionados
em alimentos em que eles passam por processos mais drásticos, alta temperatura,
pressão. Eu pude ver que o consumo desse macarrão com paraprobiótico provocou
redução dos níveis de glicose e colesterol nos ratos quando foi comparado com o
grupo controle, o grupo que não consumiu o macarrão com paraprobiótico”, disse.

Além da farinha e do macarrão,
as pesquisadoras também testaram os benefícios nos iogurtes. Nessa forma, elas
utilizaram micro-organismos vivos. Os animais que consumiram o iogurte com as
bactérias também obtiveram resultados para o organismo. “Mostraram menores
níveis de glicose e triglicerídeos e também aumento das bactérias benéficas ao
trato gastrointestinal”, apontou a pesquisadora Carine Nunes de Almada,
irmã gêmea de Caroline.

No teste citado por Carine, os
animais tiveram redução de 10% no nível de glicose e de 34% no de
triglicerídeos, além das melhorias no intestino.

Estes
micro-organismos benéficos são definidos pela Organização Mundial de Saúde como
“organismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas,
conferem benefício à saúde do hospedeiro”.

Atualmente poucos alimentos
utilizam probióticos, uma vez que, até então, encontravam-se dificuldades nas
etapas de processamento dos alimentos ou mesmo sua adição em um meio ácido como
o suco de laranja, por exemplo.

A
partir dos testes, será possível diverisificar o uso, aponta Sant’Ana. Os
trabalhos das irmãs foram feitos para seus doutorados e já têm pedido de
patente. “Pensando em alimentos
funcionais e num cenário em que a gente vê cada vez mais associação entre a
microbiota intestinal e a saúde dos consumidores, as pesquisas constituem uma
estratégia de modular a microbiota intestinal para que as pessoas tenham os
efeitos benéficos à saúde”, complementa o professor.


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