Autoridades britânicas recomendam mel (e não antibióticos) contra tosse

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 25 de agosto de 2018 às 22:01
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:58
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Mel tem demonstrado eficiência na amenização de tosses que passam no intervalo de duas a três semanas

Mel e remédios isentos de
prescrição devem ser a primeira opção no tratamento da maior parte das tosses,
segundo novas diretrizes recém-divulgadas pelo sistema de saúde britânico.

Antibióticos, por outro lado, são pouco recomendados
contra tosse – simplesmente porque, na maioria dos casos, eles não ajudam a
combater os sintomas.

As novas recomendações do sistema de saúde são dirigidas
especificamente a médicos, com o intuito de minimizar o uso indiscriminado de
antibióticos – que tem como efeito colateral a proliferação de
“superbactérias”, cada vez mais resistentes a esses medicamentos. “Para um paciente com nariz escorrendo,
garganta dolorida e tosse, antibióticos não são necessários. A tosse deve
passar no intervalo de duas a três semanas”, disse em comunicado a médica
Tessa Lewis, representante do Instituto Britânico de Excelência na Saúde (Nice,
na sigla em inglês), organização que emite recomendações ao sistema público de
saúde do país (o NHS).

O comunicado do instituto
explica que já existem algumas evidências de que o mel e remédios contendo
pelargonium, guaifenesina e dextromertorfano ajudam a aliviar os sintomas da
tosse.

Há, na literatura médica, diferentes estudos avaliando o
desempenho do mel no combate à tosse. Um deles, publicado em 2007 no periódico
Jama Pediatrics, avaliou, entre outras coisas, seu impacto em 105 crianças e
jovens entre 2 e 18 anos de idade, com infecções do trato respiratório
superior. Na maioria dos casos, os pais entrevistados avaliaram o mel como um
dos tratamentos mais eficientes contra a tosse e a consequente dificuldade das
crianças em dormir.

Em documento de 2001, a Organização Mundial de Saúde também
diz que chá de limão e mel tende a aliviar sintomas de tosse em crianças, mas
deve ser evitado em bebês pequenos – o risco, nas que têm menos de um ano, é de
infecção por uma bactéria do mel que pode causar botulismo infantil. Tampouco
são recomendados chás a bebês pequenos que ainda estão sendo amamentados.

Pastilhas contra a tosse também não devem ser dadas a crianças pequenas, por
conta do risco de engasgar. 

E se a tosse piorar?

A recomendação emitida pelo Nice e pela organização Public
Health England (PHE) sugere tratar a tosse com mel e medicamentos isentos de
prescrição e esperar os sintomas diminuírem.

No
entanto, “se a tosse piorar e a pessoa se sentir muito indisposta ou sem
ar, deve procurar um médico”, afirma Lewis.

Além
disso, podem ser necessários antibióticos caso a tosse seja sintoma de uma
doença mais grave ou quando o paciente está sob risco de desenvolver
complicações mais severas – caso, por exemplo, de pacientes com doenças
crônicas ou com o sistema imunológico debilitado.

Mas, na
maioria dos casos, as tosses são causadas por vírus, que não são tratáveis por
antibióticos e costumam ser curados naturalmente pelo organismo.

A
preocupação é porque, apesar disso, pesquisas identificaram que 48% dos médicos
britânicos prescreviam antibióticos indiscriminadamente para tosses ou
bronquites.

O tema
também é premente no Brasil, onde estima-se que 23 mil mortes anuais sejam
causadas por bactérias resistentes a antibióticos.


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