Apesar da crise, procura por cursos presenciais particulares cresce 7,8%

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  • Publicado em 19 de abril de 2017 às 15:35
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:10
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Em Franca ocorreu ainda o crescimento de ingressantes na rede privada de 10,2%, sendo Censo 2015

Rodrigo Capelato do Semesp discorre sobre o levantamento regional (Foto: Reprodução)

O diretor executivo do Semesp – Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior, Rodrigo Capelato, apresentou no início deste mês, um panorama econômico completo e atualizado das Regiões Administrativas de Franca (23 municípios) Ribeirão Preto (25) e São Carlos (26) durante a 13ª edição das Jornadas Regionais que aconteceu no Araucária Hotel, em Ribeirão Preto.

“As matrículas nos cursos presenciais no Brasil, segundo o Censo de 2015, cresceram 3%, mas houve queda de 8,7% nos ingressantes, o que mostra um quadro de crise econômica. Segundo projeções feitas pela Assessoria Econômica do Semesp também houve uma queda de cerca de 5% nas matrículas em 2016 e tudo indica que em 2017, vamos estabilizar as matrículas nesse patamar, ou seja, estamos em retrocesso na inserção de jovens no ensino superior”, disse Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp.

Segundo levantamento da Assessoria Econômica do sindicato, as matrículas em cursos presenciais na rede privada em Franca ainda não revelam indícios da crise econômico, pois cresceram 7,8% na rede privada (eram 14.752 alunos matriculados em 2014 e chegou a 15.901 em 2015). Em Ribeirão Preto, ao contrário, houve uma queda de 3,3% em 2015. Em 2014, eram 38.851 alunos matriculados no ensino superior particular e, em 2015, esse número passou a 37.576. Em São Carlos houve um pequeno crescimento na rede privada de 1,3% (eram 22.519 alunos matriculados em 2014, contra 22.813 em 2015).

Público presente nas Jornadas Regionais em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução)

No levantamento de ingressantes (que iniciam o 1º ano do curso), em Franca ocorreu o crescimento de ingressantes na rede privada de 10,2% (eram 6.570 ingressantes em 2014 e passou para 7.241 em 2015). Em Ribeirão Preto ocorreu uma queda na rede privada de 11,6% (16.034 ingressantes em 2014 para 14.175 em 2015). Em São Carlos a redução foi maior, 12,9% (9.135 ingressantes em 2014 para 7.953 em 2015).

O estudo levantou ainda os cinco cursos presenciais mais procurados na rede privada em Franca: Direito, Administração, Pedagogia, Medicina Veterinária e Psicologia. Em Ribeirão Preto os preferidos foram: Administração, Direito, Pedagogia, Engenharia Civil, e Ciência Contábeis. Em São Carlos os mais buscados foram: Direito, Administração, Engenharia Civil, Pedagogia e Engenharia da Produção.

EAD

Já as matrículas em educação a distância na rede privada na Região Administrativa de Franca aumentaram 5% na rede privada (de 4.648 alunos matriculados em 2014, passou para 4.881 alunos em 2015). Em Ribeirão Preto tiveram uma queda de 19% (11.968 matrículas em 2014 contra 9.666 em 2015). Em São Carlos a redução no número de matrículas ficou em 2,1% na rede privada (5.817 alunos matriculados em 2014 para 5.694 em 2015). Segundo Capelato, “muita gente apostou que com a crise e a redução brusca do Fies, o EAD ia crescer muito no Brasil, e isso não ocorreu porque além do perfil dos alunos que ingressam no presencial e no EAD ser completamente diferente no EAD a faixa etária é dos 25 aos 44 anos) a crise que bate no aluno do presencial, bate também no aluno de EAD”.

Em Franca, o número de ingressantes na rede privada também cresceu cerca de 19% (eram 2.738 alunos ingressantes em 2014 e chegou a 3.257 em 2015).  Já em Ribeirão Preto o número de ingressantes na rede privada sofreu uma queda de 28% (6.715 ingressantes em 2014 para 4.854 em 2015). Em São Carlos, no entanto, houve aumento de 10% de ingressantes na rede privada (3.128 ingressantes em 2014 para 3.453 em 2015).

Entre os cursos mais procurados pelos estudantes de EAD na rede privada em Franca estão: Pedagogia, Administração, Gestão de Pessoal/Recursos Humanos, Educação Física e Ciência Contábeis. Em Ribeirão Preto os preferidos foram: Pedagogia, Administração, Ciências Contábeis, Gestão de Pessoal/Recursos Humanos e Serviço Social. Em São Carlos, os mais demandados são: Pedagogia, Administração, Gestão de Pessoal/Recursos Humanos, Ciências Contábeis e Serviço Social.

Graduação tecnológica

Ainda segundo o panorama, em Franca, houve crescimento de cursos tecnológicos na rede privada de 2,5% (1.426 matrículas em 2014 para 1.461 em 2015). Em Ribeirão Preto ocorreu uma queda de 3,5% nas matrículas da rede privada (2.304 matrículas em 2014 para 2.224 em 2015), Em São Carlos, a porcentagem de queda foi maior ainda e chegou a 14,4% (1.428 matrículas em 2014 para 1.223 em 2015). 

“Hoje em vários países desenvolvidos como EUA, Alemanha e Coreia do Sul mais da metade dos cursos são tecnólogos e vocacionados para o mercado de trabalho, com duração de dois a três anos. No Brasil, infelizmente, as graduações tecnológicas não respondem nem por 10% das matrículas porque aqui muitos alunos formados nesses cursos não têm as mesmas chances de empregabilidade que os formados em graduações tradicionais, segundo resultados de uma pesquisa encomendada pelo Semesp a Folks Netnográfica e a Numbr”, lembrou Capelato.  

Para ele, os tecnólogos são vistos como subgraduados e há preconceito, inclusive, por parte de empresas públicas que não selecionam tecnólogos nos concursos públicos. “As próprias empresas privadas não entendem o que é e os alunos têm receio de que não terão as mesmas oportunidades no término do curso.”

O estudo também revela que os estudantes da graduação tecnológica geralmente são pessoas mais velhas (entre 25 e 34 anos), na maioria homens (60%), da classe C (73%), que residem em sua maioria nos Estados de São Paulo (73%) e Minas Gerais (15%), que já atuam em uma área e veem no curso tecnólogo uma oportunidade para ascender profissionalmente. “Hoje a modalidade está desgastada, há muita burocracia para autorizar novos cursos e o nome adotado para esse tipo de graduação no Brasil foi infeliz porque remete a cursos técnicos de ensino médio. Vamos levar ao governo propostas de recuperação dessa modalidade”, afirmou Capelato.

Evasão é maior sem financiamento estudantil

Nos cursos presenciais na rede privada, no Brasil, houve evasão de 28,6% em 2015 e na rede pública 18,4%. No EAD a situação é ainda pior, no país a evasão é de 34,2% na rede privada e 28,7% na rede pública. Nos tecnólogos a evasão na rede privada chegou a 37,2% e na pública 26,2%.

No entanto, segundo cálculos da taxa de evasão para alunos que estão no 1º ano de um curso, feita pela Assessoria Econômica do Semesp baseada em microdados do Censo da Educação, os que ingressam com algum tipo de financiamento estudantil evadem menos. “Em 2015, apenas 7,5% dos alunos com Fies evadiram, já sem nenhum tipo de financiamento a evasão ficou em 25%”, enumerou Capelato.

Já em Franca a taxa de evasão nos cursos presenciais ficou em 27,7%. Em Ribeirão Preto chegou a  28,6% e, em São Carlos, chegou a 24,3%. No EAD, Franca ficou com uma evasão de 35,5%. Em Ribeirão chegou a 38,7% e, em São Carlos, ficou em 34,9%.


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