Anticoncepcionais hormonais aumentam o risco de câncer de mama

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 12 de dezembro de 2017 às 00:51
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:28
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Debate sobre os riscos do contraceptivo hormonal mostra aumento de 20% de chance de desenvolver a doença

Uma nova pesquisa reascendeu o debate sobre os riscos do contraceptivo hormonal. Dessa vez, um estudo feito com 1,8 milhão de mulheres mostrou que o anticoncepcional aumenta em cerca de 20% as chances de câncer de mama.

O estudo, que foi publicado na última quarta-feira, 06 de dezembro, no periódico The New England Journal of Medicine, acompanhou as mulheres dinamarquesas por mais de uma década e revelou que quanto mais tempo os produtos forem usados, maior o risco.

Os resultados mostraram que o uso com menos de um ano de anticoncepcionais baseados em hormônios –sob a forma de pílula, implante, adesivo, DIU ou anel vaginal– elevou em 9% o risco. Contudo, com 10 anos de uso, o risco subiu para 38%.

Um aumento de 38% pode parecer terrível, mas é importante ter em mente que o risco geral de câncer de mama nas mulheres (em comparação com a maioria dos cânceres) ainda é relativamente raro entre mais jovens.

Segundo César Fernandes, presidente da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), ao analisar o estudo, é possível perceber que, assim que as mulheres interrompem o uso do anticoncepcional, o risco desaparece, o que significa que o contraceptico hormonal não promove dano no DNA, causando câncer em si. Ele apenas antecipa a doença em mulheres que já têm predisposição a ela.

Em um editorial sobre o estudo, David Hunter, do Departamento de Saúde da Universidade de Oxford, na Inglaterra, colocou os resultados em perspectiva. Segundo ele, apesar de existir o aumento de 20% do risco entre mulheres que utilizam anticoncepcionais hormonais, as taxas de incidência de câncer de mama entre as mais jovens são muito baixas.

Fernandes concorda: “90% dos casos de câncer de mama são em mulheres que já estão na menopausa. O risco em jovens é mínimo.

Hunter ainda acrescenta que, em mulheres com menos de 35 anos, tomar um contraceptivo hormonal por menos de um ano adicionou apenas um novo caso de câncer de mama para cada 50.000 mulheres, ou seja, é muito raro.

Além disso, existem outros fatores de risco a serem considerados, como a idade e o histórico familiar. O estudo fez o melhor para levar em conta gravidez e riscos herdados geneticamente, mas não incluiu fatores como atividade física, amamentação e consumo de álcool, que também aumentam o risco de câncer.

A influência de um longo histórico usando esse tipo de contracepção também parece se tornar menos significativa nas mulheres na pós-menopausa, entre 50 e 70 anos, quando o risco de desenvolver câncer de mama aumenta significativamente.

Hunter acrescenta que, em contraste com um risco aumentado de câncer de mama, os anticoncepcionais orais reduzem as chances de desenvolver outras doenças ao longo da vida. Além do fato de que eles fornecem um meio eficaz de contracepção e beneficiam mulheres com cólicas menstruais ou sangramentos anormais, o uso de contraceptivos orais está associado a reduções substanciais nos riscos de câncer de ovário, endométrio e colorretal mais tarde na vida. 


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