Americanos contratam Didi depois de treino nos EUA e ver partidas em Franca

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 20 de agosto de 2019 às 11:59
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:44
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

“Ver a felicidade da minha mãe quando fui escolhido não tem preço”, disse o ex-atleta de Franca

​Dias antes da realização do Draft da NBA, o processo de recrutamento de calouros da liga, o ala Didi Louzada, 20, se dirigiu a um encontro secreto em Nova York com emissários do New Orleans Pelicans.

O clube conduziu uma bateria de exercícios para testar o físico e a capacidade atlética do brasileiro.

Por telefone, ele também foi entrevistado pela diretoria. Era o tipo de atividade que, se chegasse aos ouvidos da concorrência, poderia comprometer toda uma operação.

Aquele foi o último movimento para a franquia decidir que faria de tudo para selecioná-lo em cerimônia realizada na própria metrópole americana em 20 de junho.

David Griffin, vice-presidente de basquete do Pelicans, sabia que a cotação da revelação de Franca estava em alta e que o jogador poderia escapar de suas mãos.

Mas deu um jeito para assegurar que Didi fizesse parte do futuro do time.

“Na noite do Draft eu estava confiante que seria selecionado. Com certeza havia vários times de olho em mim, mas acho que o Pelicans se interessou mais. Viver isso tudo foi muito gratificante. Desde pequeno sonhava com isso. Ver a felicidade da minha mãe quando fui escolhido não tem preço”, disse Didi.

Agora o Pelicans traça um novo caminho para Didi. O ala vai jogar a próxima temporada pelo Sydney Kings, da liga australiana (NBL), como se estivesse cumprindo um estágio.

É uma viagem incomum para jovens jogadores brasileiros. Mas que faz parte de um projeto bem detalhado de um clube que se reinventou nos últimos meses.

“Já vimos que tem um jogador de NBA ali. Já deu para conferir como ele arremessa bem, muito bem por sinal, e que tem bom tamanho para o que se espera dele e a capacidade atlética para competir nesse nível. Assistíamos aos treinos e mal podíamos esperar para vê-lo em ação”, disse David Griffin, vice-presidente de basquete do Pelicans e campeão pelo Cleveland em 2016.

A curiosidade, para dizer o mínimo, do Pelicans sobre Didi já havia transparecido quando o clube enviou um olheiro para assistir a cinco partidas do jovem ala nesta temporada, num período de duas semanas.

Alguns veículos de imprensa acompanharam esse “scout” em três desses jogos, durante a fase semifinal da Liga das Américas, em Franca, de 8 a 10 de março.

A longa estadia na cidade do interior paulista permitiu que repórteres conversassem com diversas fontes para entender quem era o brasileiro dentro e fora de quadra.

Como se fosse, mesmo, um serviço de espião, algo comum na liga americana. Faz sentido: as franquias precisam saber de todos os detalhes da vida de um jogador antes de decidir investir eventuais milhões de dólares nele.

Registre-se: dirigentes e treinadores de Franca foram bem receptivos, algo que nem sempre acontece na caça por talentos mundo afora.

Na Europa, principalmente, são vários os relatos de treinos fechados de última hora, ou com horários alterados só para complicar a vida dos “scouts”.

Há clubes que até podem abrir as portas do ginásio, mas só para deixar o jogador cobiçado fora das atividades.

David Griffin faz questão de elogiar o trabalho dos treinadores de Franca com Didi.

Na visão do dirigente e de seu estafe, porém, dois fatores tornam Sydney uma escala importante nesse projeto de desenvolvimento.

O primeiro, essencial, é a língua inglesa. Funcionários do Pelicans, aliás, até brincam que, se o brasileiro progredir a ponto de entender o sotaque australiano, tudo ficaria mais fácil quando for hora de jogar pelo clube.

O segundo? Simplesmente tirar o ala de casa. Seria melhor encarar um primeiro ano na metrópole australiana, cosmopolita e de clima agradável, antes da chegada aos EUA.

“É importante do ponto de vista humano”, diz Griffin. Pensando estritamente em basquete, o Sydney Kings oferece ao capixaba o convívio com figuras de experiência considerável na liga americana.

A começar pelo pivô Andrew Bogut, escolha número no Draft de 2005 e campeão pelo Golden State Warriors ao lado de Leandrinho.

O veterano é um atleta desbocado, que já viu de tudo um pouco em sua carreira.

Será a chance de Didi ouvir muitas histórias sobre a liga americana mesmo do outro lado do planeta.

(Transcrito do UOL Esportes)


+ Esportes