Alunos da rede pública receberão livros literários a partir do ano que vem

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 28 de setembro de 2018 às 10:30
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:03
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De acordo com o Ministério da Educação, a escolha será feita pelas escolas, a partir de uma lista

Estudantes da rede
pública receberão livros de literatura em 2019, além do material didático,
de acordo com o novo formato do Programa Nacional do Livro e do Material
Didático Literário (PNLD).

A escolha das obras pelas escolas
credenciadas teve início no último dia 25 e irá até o dia 08 de outubro.

De acordo com o Ministério da
Educação, a escolha será feita pelas escolas, a partir de uma lista, e
levará em conta a opinião dos professores e diretores de escola. No
catálogo para o ensino médio, estão livros como a biografia da
paquistanesa Malala – a mais jovem a receber um Prêmio Nobel da
Paz; o clássico de ficção Admirável Mundo Novo, de Aldous
Huxley; e poemas de Cecília Meireles.

Até este ano, o programa destinava as
obras literárias apenas para as bibliotecas e para serem usadas em salas
de aula. A previsão é que os estudantes recebam os dois livros literários.

Para a assessora de projetos da
Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Andressa Pellanda, é importante
o aspecto individual da leitura, mas o papel didático da biblioteca não se
deve ser esquecido.

Ela defende que a escolha dos
livros deve ser a mais democrática possível, envolvendo não só os professores,
como prevê o programa, e que os alunos também sejam consultados. “Sempre
falamos da necessidade sobre o processo de gestão democrática dentro da escola.
Então, a escolha dos livros didáticos também tem que passar por isso, existe
todo um trabalho que é feito e pensado para que as escolas
possam ter de fato gestão democrática”, disse. “Se os professores, os
diretores, os coordenadores pedagógicos puderem discutir com os estudantes a
escolha dos livros de literatura e também os livros didáticos, isso sempre é
muito mais frutífero porque uma gestão democrática gera apropriação de cultura,
então gera educação e aprendizado”, acrescentou.

Na avaliação de Cândido Grangeiro,
sócio de uma pequena editora que teve livros escolhidos para o catálogo
literário do programa, houve conquistas com o novo modelo. “Isso é uma
conquista enorme (o livro ficar com o estudante) porque o aluno tem um acesso
maior à literatura”, disse, ressaltando ser mais um incentivo para publicações
no mercado editorial.

Os professores terão acesso a um
guia com resenhas das obras selecionadas pelo programa e a escolha será feita
após uma reunião de professores e diretoria da escola.

Ainda de acordo com as regras, uma
mesma editora não poderá ter dois livros escolhidos. As obras serão
devolvidas às escolas depois do período de um ano para reutilização. Cada
editora pode inscrever quatro obras para serem selecionadas para o catálogo.

O PNLD não permite que as editoras,
com obras selecionadas para o catálogo, façam ações promocionais,
distribuam brindes ou visitem as escolas. Grangeiro alerta para uma disputa
desigual entre as grandes e pequenas editoras. “Essas editoras grandes trazem
toda uma tradição de chegada, um poder comercial mesmo, tem distribuidor, tem
dinheiro, enfim, de chegar nas escolas e conseguir concentrar todas as adoções de
livros. As editoras pequenas não dominam esse universo comercial, nem tem
recursos financeiros para esses estudos. A disputa é extremamente desigual”,
disse.


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