Álcool reduz qualidade do sono e aumenta risco de depressão, diz pesquisa

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 9 de maio de 2018 às 04:16
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:43
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Duas taças diárias de vinho são suficientes para reduzir qualidade do sono em até 40%, mostra estudo

Duas taças diárias
de vinho podem ser suficientes para reduzir a qualidade do sono em até 40%. É o
que indica um estudo finlandês publicado na revista JMIR Mental Health. Segundo
o Medical News Today, os resultados também mostraram que
esse efeito do álcool é mais
acentuado nos jovens, além de afetar em níveis semelhantes homens e mulheres,
pessoas fisicamente ativas ou sedentárias.

Dormir ou beber

Com base na análise dos dados recolhidos durante o sono, dos 4.098 participantes (homens e
mulheres) com idades entre 18 e 65 anos, os pesquisadores descobriram que mesmo
o consumo de álcool considerado baixo (um copo, pelos padrões internacionais) é
capaz de interferir no sono e afetar a recuperação fisiológica em 9,3%.
Já o consumo moderado diminuiu a qualidade do sono em 24%, e o alto
consumo de álcool em até 39,2%.

Para chegar a essa conclusão, a equipe acompanhou as
três primeiras horas de sono dos participantes, em duas noites distintas: uma
na qual ingeriram álcool, e a outra em que não houve consumo. Os dados
também revelaram que as consequências do consumo de álcool para o sono afetam
homens e mulheres da mesma maneira nos três tipos de consumo.

Além disso, praticar atividades físicas ou ser
sedentário não minimiza ou aumenta os efeitos do álcool. Ser jovem também não
mudou os resultados — pelo contrário, pareceu interferir ainda mais do que em
pessoas mais velhas. “Quando você é fisicamente ativo, ou mais jovem, é
fácil, natural até, se sentir invencível. No entanto, a evidência mostra
que, apesar de ser jovem e ativo, você ainda é suscetível aos efeitos negativos
do álcool quando está dormindo”, comentou Tero Myllymäki, professor da Universidade de
Tecnologia de Tampere, na Finlândia, no relatório. 

Pesquisas realizadas anteriormente já haviam
sugerido que o álcool faz com que as pessoas gastem menos tempo em sono
profundo (capaz de propiciar descanso real), e mais tempo no estágio de
movimento rápido dos olhos — quando os sonhos ocorrem e há mais agitação. Isso
acontece porque o álcool afeta o sistema nervoso autônomo, que compreende
o sistema nervoso simpático – responsável por controlar a resposta de luta ou
fuga -, e o sistema nervoso parassimpático – que cuida do estado de descanso e
digestão. “Embora nem sempre possamos adicionar horas ao nosso
tempo de sono com conhecimento sobre como nossos comportamentos influenciam na
qualidade restaurativa do sono, podemos aprender a dormir com mais eficiência. Uma
pequena mudança, desde que seja a correta, pode ter um grande impacto”, disse Myllymäki. 

Sono e depressão

Segundo pesquisa divulgada no início de 2018, dormir
menos de oito horas por noite pode causar ansiedade e depressão. Isso ocorre
porque os insones são menos capazes de superar os pensamentos negativos do que
pessoas que têm noites de sono regulares. “Descobrimos que as pessoas neste
estudo tendem a ter pensamentos negativos recorrentes dos quais não conseguem
se livrar. Percebemos, com o tempo, que isso pode ser importante – esse
pensamento negativo repetitivo é relevante para vários distúrbios diferentes,
como ansiedade e depressão”, disse Meredith Coles, autora da pesquisa e
professora da Universidade de Binghamton, nos Estados Unidos.

Segundo o mesmo
trabalho, a incapacidade de cochilar também reduz a eficiência das pessoas
em se desvencilhar de emoções negativas.


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