Ainda tabu na mídia tradicional, suicídio já soma 32 pessoas por dia no Brasil

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  • Publicado em 5 de setembro de 2017 às 17:04
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:20
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Setembro Amarelo é o mês de conscientização sobre a importância de abordar a questão do suicídio

Laço amarelo é símbolo do Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, 10 de setembro

​Os números são angustiantes. De acordo com dados
da Organização Mundial de Saúde (OMS), 32 pessoas se suicidam por dia no
Brasil, ou uma a cada 45 minutos, o que faz do país o oitavo com mais suicídios
do planeta. Mas o problema é bem maior, por conta do silêncio da sociedade em
torno do tema. Se em alguns dos países com maior incidência de suicídio a taxa
está estável, no Brasil ela tem crescido.

Esta foi uma das razões que fez a nova/sb, por meio do Comunica Que Muda
(CQM), ir a fundo no assunto a partir do que se fala nas redes sociais. Foram
capturadas 1.230.197 menções sobre suicídio entre os meses de abril e maio de
2017 nas principais redes sociais (Facebook, Instagram, Twitter e YouTube).
Durante o período, os destaques foram os expressivos números de comentários
sobre o crime virtual da Baleia Azul e a série 13 Reasons Why (Netflix), o que
fez o tema alcançar seu ápice de buscas no Google dos últimos cinco anos.

Confira a íntegra do dossiê no: http://dossie.comunicaquemuda.com.br/suicidio

No geral, o jogo Baleia Azul estava na maior parte das menções, com 59,9%. A
série 13 Reasons Why, ficou com 26,6%. As menções sobre depressão somaram 7,7%,
enquanto os comentários intolerantes em relação ao suicídio ficaram com 4,1%.
Outros assuntos somaram 1,7%.

O estado que concentrou a maior parte das menções nos dois meses da pesquisa
foi o Rio de Janeiro, com 27,5% do total. Na sequência, São Paulo, com 17,9%, e
Minas Gerais, com 9,9%. Também tiveram destaque o Pará (5,6%), o Rio Grande do
Sul (5,5%) e Santa Catarina (4,8%). 

“As redes sociais surgiram há pouco tempo, mas entraram no cenário social com
um forte chute na porta. Em poucos anos, tomaram conta de muitas horas gastas
na web. Depois delas, mudamos muito a maneira com que nos relacionamos, e até
como vemos a importância das nossas relações. Apesar de mais conectados, observamos
que a abordagem sobre o suicídio ainda é muito superficial. Se de um lado,
menos de 30% dos internautas que comentaram o assunto demonstraram alguma
conscientização, por outro quase 20% do conteúdo das redes são de mensagens
preconceituosas, que reforçam o tabu, incentivam o comportamento autodestrutivo
ou impedem o socorro por quem passa esse problema”, destacou a
coordenadora-geral do Comunica Que Muda, Bia Pereira.

Assista ao vídeo com depoimentos reais colhidos na internet

Faixa etária – No Brasil, os idosos apresentam as maiores
taxas, com oito suicídios para cada 100 mil habitantes, segundo dados do Mapa
da Violência. A causa mais comum, com aproximadamente 70% dos suicídios nessa
fase, é a depressão, muitas vezes não diagnosticada ou tratada inadequadamente.
Psicoses e abuso de drogas, principalmente o álcool, também estão entre os
motivos mais frequentes.

“Entretanto, é entre os jovens que as taxas apresentaram o maior
crescimento, de 2002 a 2012, o que preocupa bastante. Ninguém é culpado por um
suicídio. Ele não é previsível, mas pode ser prevenido. O suicídio tem sido
tabu por um longo tempo e as taxas continuam crescendo. Não falar não está
ajudando. Não tratar um problema não faz com que ele desapareça. Ao contrário,
apenas permite que cresça no escuro. Por isso, precisamos derrubar esse tabu.
Esta inclusive é a orientação dos especialistas e da própria Organização
Mundial de Saúde (OMS)”, destaca Bia Pereira, da nova/sb.

Outros dados – Segundo o Mapa da Violência, entre 2002 e
2012, o total de suicídios passou de 7.726 para 10.321, um aumento de 33,6%, o
triplo da taxa de crescimento da população, que ficou em 11,1%. São 5,3 casos
para cada 100 mil habitantes. O índice fica acima do de outras formas de mortes
violentas no mesmo período, como homicídios (2,1%) e acidentes de trânsito
(24,5%). 


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