Açúcar é vilão da saúde de crianças e adultos, segundo novo estudo da OMS

  • Entre linhas
  • Publicado em 11 de novembro de 2015 às 16:29
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 17:30
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Pesquisa mostrou que trocar o açúcar por alimentos com amido, sem mudar as calorias, já traz efeito à saúde

Estudo confirma que açúcar é vilão não apenas para quem quer emagrecer, mas para a saúde em geral

​Um novo guia da Organização Mundial da Saúde – OMS, divulgado este ano, pede a redução do consumo de “açúcar livre” entre crianças e adultos para menos de 10%. O documento diz que se a queda for para menos de 5%, aproximadamente 25 gramas ou 6 colheres de chá por dia, a população terá benefícios na saúde. Isto porque, segundo a OMS, há provas concretas de que o consumo de açúcar livre abaixo de 10% de todo o consumo diário de energia reduz o risco de sobrepeso, de obesidade e também de adquirir cáries.

Outro estudo corrobora a questão, o publicado no jornal científico Obesity. Feita com 43 crianças entre 9 e 18 anos, obesos, diagnosticadas com síndrome metabólica e com ao menos uma comorbidade, que poderia ser hipertensão, colesterol alto ou triglicérides alto, a pesquisa verificou que, em média, 27% das calorias das crianças estudadas vinham do açúcar. Então, os especialistas, do Hospital Infantil Benioff, da Universidade da Califórnia, resolveram trocar a quantidade de açúcar de suas dietas por outros carboidratos como amido, mantendo nas dietas as mesmas proporções de gordura, proteínas e carboidratos, para que não houvesse mudança no peso das crianças. Portanto, eles trocaram itens como iogurte adoçado com açúcar, doces e molhos açucarados por itens como baguetes, salsichas de peru e salgadinhos de batata assada. O único açúcar na dieta vinha de frutas frescas.

Eles então monitoraram algumas taxas, como os níveis de colesterol e triglicérides, glicemia, batimentos cardíacos, pressão arterial, insulina e ácido úrico. Em 10 dias, as crianças estudadas já mostraram melhoras em todas essas taxas, que apesar de pequenas, são significativas para esta quantidade de tempo, ainda mais considerando que as crianças continuaram com o mesmo índice de massa corporal (IMC). Por exemplo, o colesterol LDL, ligado a mais problemas cardiovasculares, reduziu em 10 pontos. A pressão arterial caiu 5 pontos e os triglicérides caíram 33 pontos. Mesmo as quantidades de insulina no corpo caíram, o que indica uma menor resistência ao hormônio, que coloca a glicemia dentro das células.

A CONCLUSÃO

A conclusão dos especialistas é que o açúcar tem um papel importantíssimo para o desenvolvimento da síndrome metabólica, já que nem todas as calorias se formam do mesmo jeito, mostrando que seus malefícios vão além de sua influência no peso ou acúmulo de gordura. Portanto, vale à pena reduzir os itens açucarados da dieta, mesmo quando não se quer emagrecer. Apesar do estudo ter sido feito com crianças, os estudiosos acreditam que os adultos também devem ter cuidado com esse ingrediente.

ESCONDIDO

A OMS diz que a maior parte do açúcar consumido atualmente está “escondido” em alimentos processados que, geralmente, não são considerados doces.

A organização cita como exemplo uma colher de chá de ketchup, que contém 4 gramas de açúcar livre. Além disso, uma única latinha de refrigerante tem até 40 gramas, o equivalente a 4 colheres de café. A OMS considera que seria conveniente não ultrapassar 5% da ração energética diária.

Ketchup é um dos alimentos que mais açúcar possui, uma colher de chá equivale a 4 gramas de açúcar livre

NOVAS REGRAS

Para isso, propõe medidas como uma melhor rotulação dos alimentos, na qual se inclua a quantidade de açúcares ocultos.

Também defende menos “campanhas publicitárias tendo as crianças como público-alvo, para produtos com grande conteúdo deste tipo de açúcares”.

Por último, a Organização recomenda que os países se comprometam no diálogo com as indústrias agroalimentícias para que reduzam os açúcares ocultos na composição de seus produtos.

O estudo da OMS afirma que no mundo, o consumo da substância varia de acordo com a idade, região e país. Mas a OMS alerta que a América do Sul registra o mais alto consumo médio diário, com 131 gramas por pessoa.

O consumo médio global de açúcar livre passou de 58 gramas por pessoa em 2003 para 63 gramas em 2013