Acidentes de trabalho custaram R$ 26 bilhões à Previdência em cinco anos

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 5 de março de 2018 às 13:13
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:36
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Recursos foram gastos com auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, pensão por morte e auxílio acidente

Acidentes de trabalho custaram
mais de R$ 26 bilhões à Previdência Social entre 2012 e 2017, segundo dados do
Ministério Público Trabalho divulgados nesta segunda-feira, 05 de março. Só em
2018, as despesas já somam quase R$ 800 milhões.

Esse valor foi gasto no pagamento de auxílio-doença,
aposentadoria por invalidez, pensão por morte e auxílio acidente nesse período
de 6 anos. Os R$ 26 bilhões, porém, equivalem a 9,7% do déficit da Previdência
apenas no ano passado (R$ 268,8 bilhões).

As atividades com mais notificações são o atendimento
hospitalar (10%), comércio varejista (3,5%) e a administração pública (2,6%)

Notificações e mortes

Entre 2012 a 2017, foram 3,879 milhões de notificações de acidente de
trabalho. Em 2017 foram 574.053 e, em 2018, já foram registradas mais de 100
mil notificações de acidente de trabalho.

Ainda entre 2012 a 2017, os trabalhadores afastados por acidentes
perderam 315 milhões de dias de trabalho.

Os dados do MPT apontam uma queda de 7,6% no número de notificações de
acidentes de trabalho com mortes em 2017, na comparação com 2016. Foram 2.156
notificações em 2016 e 1.992 em 2017.

No período de 2012 a 2017 foram notificadas 15 mil mortes por acidente
de trabalho.

O procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, alerta que apesar dos
dados alarmantes, a estimativa é de que o número de acidentes de trabalho seja
ainda maior, já que há uma subnotificação por parte das empresas. Segundo ele,
mais de 50% dos acidentes não são notificados oficialmente. “Acidentes
como contusões, são classificadas apenas como dor. Porque as empresas, quando
começam a gerar muitos acidentes de trabalho, o valor que elas precisam
recolher para a Previdência Social se eleva. Então, há uma subnotificação para
que essas empresas não paguem mais”, disse.

Atividades com mais ocorrências

A atividade com mais notificações de acidentes de trabalho no período de
2012 a 2017, segundo informações do Ministério Público do Trabalho, foi a de
atendimento médico hospitalar, com 10% do total de ocorrências.

– Atendimento hospitalar: 10%

– Comércio varejista: 3,5%

– Administração pública: 2,6%

– Correios: 2,5%

– Construção: 2,4%

– Transporte rodoviário de
carga: 2,4%

– Abate de aves, suínos e
pequenos animais: 1,7%

– Fabricação de açúcar: 1,7%

– Cozinheiro: 1,6%

– Coleta de resíduos: 1,2%

Segundo o MPT, entre 2012 e
2017 o uso de máquinas e equipamentos respondeu por 15% dos acidentes de
trabalho. Aqui é também onde estão concentrados os acidentes mais graves.

Entre as principais causas estão ainda os agentes químicos (14%) e queda
do mesmo nível (13%). Ainda de acordo com o levantamento, trabalhadores com
menor remuneração são as maiores vítimas de acidente de trabalho e também os
que têm mais lesões incapacitantes.


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